Dólar em alta também afeta preço de carne e mais produtos nacionais
Moeda americana fechou a quinta (14) cotada a R$ 5,51. No dia 11, atingiu o maior valor para um encerramento desde 20 de abril
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
O dólar fechou em alta de 0,09% na quinta-feira (14), depois de recuar mais cedo em reação a mais uma oferta de liquidez do Banco Central.
Na segunda-feira (11), antes do feriado, a moeda americana chegou a R$ 5,5384, atingindo o maior valor para um encerramento desde 20 de abril, quando a moeda fechou a R$ 5,5486.
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A alta da moeda americana não se reflete apenas no preço de produtos importados, mas em várias cadeias produtivas de artigos nacionais, segundo economistas ouvidos pelo R7 Economize.
"Quando a nossa moeda se desvaloriza, é como se o Brasil virasse uma grande vitrine em promoção. Nossos preços ficam mais competitivos, exportamos mais e trazemos aumento de preço do mercado externo para o interno", diz André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Segundo o economista, além de afetar o custo dos produtos importados, o dólar influencia o preço da matéria-prima para a criação de animais, por exemplo.
Quando criamos um suíno%2C usamos soja e milho%2C produtos que são cotados em bolsas de valores internacionais. Se ficam mais caros – o milho também vem encarecendo por causa da crise hídrica –%2C eles contaminam os preços das carnes%2C ovos e outras proteínas.
O preço da carne vermelha saltou 28,36% nos últimos 12 meses, de acordo com a prévia da inflação de setembro.
No período, os maiores saltos partiram do músculo (36,83%), lagarto comum (34,07%), pá (33,88%), patinho (32,5%), costela (31,85%) e contrafilé (30,62%).
Alexandre Chaia, professor de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), explica que a alta do dólar se reflete nas negociações entre produtores, intermediários e grandes varejistas brasileiros, mesmo que o cultivo do grão ou a criação do gado sejam realizados por aqui.
"Quando o preço da soja, milho ou barril de petróleo, por exemplo, sobe no mercado externo, automaticamente ele também é elevado por aqui. O varejista que for procurar um intermediário ou produtor para comprar um artigo ou matéria-prima para produzi-lo sabe que pagará o mesmo preço comercializado lá fora", conta Chaia.
No caso do etanol, de acordo com Chaia, há outro agravante. A usina pode escolher entre produzir açúcar para exportar ou etanol para comercializar no mercado interno. Isso poderia justificar a alta de preço do quilo de açúcar, por exemplo.
Mesmo com esse exemplo, o professor do Insper descarta uma possível aceleração da inflação por causa do desabastecimento do mercado interno, considerando que produtores estejam priorizando as exportações.
Aqui não falta comida para comprar%2C falta dinheiro de boa parte da população para conseguir comprá-la. O problema maior é a disparidade social%2C não são as exportações.
Braz, porém, acredita que as exportações, sobretudo de carnes, aumentam muito quando o real está desvalorizado. "E, por ser um item que pesa muito na cesta de consumo das famílias, acaba acelerando a inflação."
Entre janeiro e setembro de 2021, o Brasil exportou R$ 6.530.361.468 em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada. O montante corresponde a um aumento de 21,48% no resultado do mesmo período no ano passado: R$ 5.375.715.898.
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