Saiba o que é considerado cringe na hora de escolher o investimento
Guardar dinheiro é ultrapassado? Veja o que dizem os especialistas sobre hábitos que se tornaram cafonas aos novos investidores
Renda Extra|Sara Santos do R7*
A geração Z, de jovens que nasceram a partir do ano 2000, movimentou as redes socias recentemente com a polêmica do cringe. Tudo começou quando a influenciadora Carol Tchulim pediu para seus seguidores, adolescentes na maioria, dizerem o que acham vergonhoso ou cafona nos millenials (geração pós-1980).
A expressão é usada para definir ações como tomar café, assistir Friends, usar calças skinny, tomar refrigerante, litrão, sonhar ir à Disney e usar expressões como top.
Em economia pode ser usado, por exemplo, aos que mantêm o hábito de guardar dinheiro em casa ou aos que, ainda, aplicam na caderneta de poupança.
Para quem acha que esse grupo é novo demais para dar palpite até em investimentos, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro) aponta que esses jovens são os que mais conhecem o assunto, por serem de uma era digitalizada e que tem informações disponíveis com facilidade.
Não que seja um grupo homogêneo. A geração Z também sofre com a desigualdade social e os problemas econômicos do Brasil: 58,3% não guardam dinheiro de nenhuma forma e 7,6% não aplicam recursos em produtos financeiros.
Quando tem recursos, no entanto, essas faixas de idade sabem o que fazer. É a geração com mais conhecimento e maior número de investidores em criptomoedas e ações, segundo a Anbima.
Saiba a seguir se você pode ser considerado cringe e tem algum dos hábitos fora de moda dos brasileiros na escolha de investir.
Tipos de investimentos cringe
• Poupança
A poupança para a geração Z é considerada uma aberração, pois ela rende 70% da taxa Selic. Com ela você já começa perdendo dinheiro, pois sequer cobre os efeitos da inflação, desvaloriza o investimento e nos tira poder de compra.
• Títulos de Capitalização
Esses títulos têm rentabilidade inferior à poupança e também não são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Então, se a instituição financeira responsável tiver algum problema, o investidor pode ficar na mão.
• Renda Fixa
O investimento em renda fixa tem a natureza de um empréstimo que o investidor faz para a instituição financeira. Com isso, seu retorno é o pagamento de determinado percentual como forma de lucro da operação, mas tem possibilidade muito pequena de ganhos expressivos em curto prazo.
• Consórcios
Os consórcios são o fim da picada para os investidores mais novos. Estão longe de ser aplicações financeiras, já que não há rendimento. Essa modalidade é tipo uma poupança em grupo, em que de tempos em tempos alguns participantes são sorteados e recebem crédito para comprar um bem.
Bia Moraes, da Ativa Financeira e youtuber do canal Pé de Meia, acredita que, além de as pessoas da mesma geração terem hábitos em comum, as opções de investimentos levam em conta também o objetivo, o conhecimento do mercado financeiro e o tamanho de patrimônio de cada pessoa.
Conheça abaixo o perfil econômico de cada geração e a análise dos seguidores de Carol Tchulim do que é cringe na hora de investir.
Os baby boomers
Os baby boomers são de uma geração que nasceu entre 1945 e 1964 e cresceram em um período positivo para o mercado de capitais. Têm perfil de alta confiança em investimentos e não têm medo de arriscar.
Estudos mostram que, apesar de ser a geração mais velha, tende a ter mais ações no seu portfólio que as pessoas de outras idades.
Porém, pesquisas apontam que 52,8% dos boomers ainda recorrem ao bom e velho cafezinho com o gerente para falar sobre risco, retorno e produtos financeiros. Para a geração Z, isso é super cringe, pois é possível fazer tudo de forma digital. Além disso, filas de banco para eles são pura perda de tempo.
“O atendimento presencial sempre foi bastante citado em todas as pesquisas. À medida que a geração Z chega ao mercado de trabalho e ao universo dos investimentos, é natural que os canais digitais ganhem espaço, afinal trata-se de jovens mais acostumados à internet desde a infância”, diz Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima.
De acordo com o raio x do investidor brasileiro, os boomers são a geração com o maior percentual de pessoas com conhecimento sobre a caderneta de poupança (35,2%), títulos privados (16,4%) e planos de previdência. O que é muito arcaico para a juventude.
Geração x
Já os investidores da geração X, dos nascidos entre 1965 a 1984, costumam ser bem mais conservadores, porque não querem correr o risco de perder o que acumularam.
Eles buscam manter o valor do dinheiro em relação à inflação. Para isso, no entanto, em decorrência do cenário econômico atual, alguns já aceitam investir uma pequena quantia em fundos de multimercados e ações.
É a faixa que mais deixa recursos na caderneta por conta da sua praticidade e liquidez, motivos que tornaram a aplicação popular entre os brasileiros.
Aliás, popular é pouco: segundo dados do Banco Central, 158 milhões de pessoas fazem uso da modalidade.
Geração y
Os millennials, por sua vez, ou geração Y, nascidos entre 1985 a 1999, têm um perfil mais moderado e buscam liquidez. Estão na fase da vida de comprar a casa própria e ter filhos.
Mas têm consciência de que para ter um pouco mais de ganho, precisam arriscar uma parcela do seu montante.
A geração Z investe mais em outros produtos financeiros: 5,1% investem na bolsa e 3,8% em títulos públicos via Tesouro Direto, mais do que qualquer outra faixa etária pesquisada.
Eles se destacam pela maior parcela de conhecedores de títulos públicos do Tesouro e fundos de investimento, aponta pesquisa da Anbima.
São os que menos se comportam no aspecto financeiro de forma cringe, por eles serem de uma era com o pezinho no digital.
Mas não deixam de ser cringes, pois não investem em ações e criptomoedas como a geração atual, mesmo tendo conhecimento sobre.
Como investir com pouco dinheiro?
Não existe uma fórmula mágica para começar a investir com pouco dinheiro. Porém, algumas estratégias podem auxiliá-lo neste momento, como um bom planejamento financeiro e pessoal, objetivos definidos e estratégias.
Além disso, conhecer seu perfil de investidor e estudar os mais diversos ativos do mercado, para, assim, escolher o melhor para você.
É importante também, dizem os especialistas, seguir estas quatro lições
- Definir objetivos financeiros;
- Montar uma estratégia de investimento;
- Construir uma reserva de emergência;
- Estudar sempre o mercado.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Marcos Rogerio Lopes