Taxa de juros chega a 5,25% ao ano na quarta alta seguida feita pelo BC
Selic subiu 1 ponto percentual nesta quarta-feira, após o fim da reunião do Copom. Elevação já era esperada pelo mercado
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
A taxa básica de juros, a Selic, subiu de 4,25% para 5,25% ao ano no início da noite desta quarta-feira (4), ao final da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central).
É a quarta elevação seguida da Selic e o maior patamar desde o fim de 2019.
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Na ata do Copom divulgada logo após a reunião, o BC ponderou a evolução da variante delta da covid-19 e o risco relevante de aumento da inflação nas economias centrais como principais motivos para a elevação de um ponto percentual da Selic.
Também destacou que o ambiente para países emergentes segue favorável com os estímulos monetários de longa duração, os programas fiscais e a reabertura das principais economias.
A ata do Copom também ressaltou que os indicadores recentes continuam mostrando evolução positiva e não ensejam mudança relevante para o cenário prospectivo, o qual contempla recuperação robusta do crescimento econômico ao longo do segundo semestre.
O comitê ainda deixou em aberto a possibilidade de um novo aumento da mesma magnitude na próxima reunião, nos dias 20 e 21 de setembro.
Se a expectativa for mantida, a taxa básic a de juros chegará a 6,25% ao ano, maior percentual desde julho de 2019 (6,50%).
"O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", justificaram os conselheiros na nota.
Confira a íntegra da ata do Copom neste link.
Analistas aguardam novas elevações
A alta da Selic nesta quarta-feira era praticamente consenso entre os analistas do mercado financeiro. Para Elaine Borges, professora doutora de finanças da USP (Universidade de São Paulo), o governo demorou demais para elevar a meta da Selic e agora está correndo atrás.
A previsão é de que a taxa básica de juros continue a subir nas próximas reuniões.
Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), apostava em uma elevação de 0,75 ponto percentual, mas não descartava a possibilidade de chegar a 1 ponto percentual.
O cenário de inflação elevada e a possibilidade de um reajuste maior na conta de energia elétrica por conta da estiagem que%2C consequentemente%2C impactará diretamente no preço de produtos e serviços%2C propicia a alta de 1 ponto percentual.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a decisão do Copom mostra que haverá um ciclo de ajuste acima do patamar neutro esperado inicialmente pelo mercado.
Mantemos assim nossa expectativa de a Selic chegar a 7%2C5% ao ano até o fim de 2021.
Como funcionam os juros básicos?
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado.
A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos.
Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo.
Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
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