Troca de marca pode cortar pela metade gasto com supermercado
Alta no preço dos alimentos fez redes ampliarem opções de produtos nas gôndolas para ajudar consumidor a economizar
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
A alta nos preços dos alimentos está longe de dar um alívio no orçamento das famílias brasileiras e vem fazendo as redes de supermercados se desdobrarem para manter a fidelidade dos clientes.
Uma das estratégias identificadas pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados) é o aumento do leque de marcas nas gôndolas para ofertar variações do mesmo produto mais em conta para o consumidor.
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O levantamento, feito com exclusividade para o R7 Economize, aponta uma diversificação de marcas principalmente no tradicional prato do brasileiro: arroz com feijão.
Até pouco tempo atrás, algumas redes trabalhavam com apenas três marcas, no máximo. Agora é possível encontrar de seis a sete marcas do mesmo produto.
Alguns exemplos:
• O pacote 5 kg do arroz tipo 1 pode ser encontrado com preços que variam R$ 16 a R$ 30, dependendo da marca;
• O pacote de 1 kg de feijão (da mesma qualidade) custa entre R$ 5,99 e R$ 8,99, dependendo da marca;
• O preço da dúzia de ovos vai de R$ 7,99 a R$ 12, dependendo da granja;
• O quilo da bisteca suína sai entre R$ 15,90 e R$ 19,99, dependendo do frigorífico; e
• O frango congelado sai de R$ 14,99 a R$ 16,99 o quilo, dependendo da granja.
"Quando é dia de oferta, muito comum nas redes supermercadistas, o quilo do frango congelado pode chegar até R$ 10,99", afirma Marcio Milan, vice-presidente da Abras.
Milan também conta que em algumas redes é possível encontrar feijão de qualidade inferior por apenas R$ 3 o quilo, mas são exceção.
Momento exige pesquisa, troca de marca e de produtos
Para o vice-presidente da Abras, o consumidor já vem buscando soluções positivas para driblar a alta dos preços dos alimentos.
O consumidor está substituindo a carne bovina%2C que registra uma série de alta nos preços%2C por alternativas como carne suína e ovos. Também está buscando promoções e outras marcas. É comum ver o consumidor baixar o aplicativo das redes e ir atrás dos melhores preços.
Milan afirma que os supermercados estão de olho neste movimento e vêm negociando com fornecedores e produtores para oferecerem preços competitivos e manter a fidelidade dos clientes. "Senão os preços seriam ainda mais elevados."
Aumentar opções pode confundir consumidor, diz especialista
O professor Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo), acredita que a troca de marcas pode propiciar uma redução nos custos ainda maior, dependendo dos produtos procurados, como laticínios e embutidos, por exemplo.
Ele alerta, porém, que apesar de positivo, o aumento de opções de um mesmo produto pode gerar insegurança no consumidor na hora de escolher.
O professor cita um experimento, segundo ele devidamente registrado, feito num supermercado sobre o assunto. O produto escolhido para a ação foi a geleia.
Um demonstrador ficava no corredor onde o produto era localizado e oferecia três geleias de três sabores diferentes para os consumidores provarem, depois registrava quantos compravam o produto após consumi-lo.
Em outra ocasião, o mesmo demonstrador aumentou para 10 opções de geleia para o cliente provar e registrava quanto gerou de compras.
Resultado: o experimento com três geleias gerou mais vendas do que o com 10.
Oferecer mais opções pode aumentar a insegurança do consumidor na hora da compra. É o chamado paradoxo da escolha. Quando dou três opções de produtos para ele%2C ao escolher um%2C estará deixando de levar dois. Ao oferecer 10%2C ele precisará deixar nove alternativas para traz e a indecisão acaba impedindo o consumidor de comprar.
Para o professor, mesmo com este risco, a diversificação das marcas amplia as possibilidades do consumidor que está com o orçamento reduzido
Leite longa vida e frango puxam alta da inflação
Dados do IPCA-15 de agosto, considerado uma prévia da inflação oficial do mês, divulgado na quarta-feira (25), mostram que a alta acumulada em 12 meses já chega a 9,30%. No mês, o índice avançou 0,89%, a maior alta para o mês desde 2002, quando subiu 1%.
Contribuíram para essa aceleração as altas do leite longa vida (+4,09%), do frango em pedaços (+3,09%), das carnes (1,74%) e do pão francês (+1,81%).
Por outro lado, permanecem em queda os preços da cebola (-15,94%), da batata-inglesa (-14,77%), das frutas (-1,33%) e do arroz (-1,14%).
Já na alimentação fora do domicílio, que subiu 0,52%, o movimento foi inverso. Tanto os preços do lanche (+0,55%) quanto a refeição (+0,53%) desaceleraram em relação a junho, quando registraram altas de 1,67% e 0,86%, respectivamente.
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