'A gente tenta ser do bem', diz pai de falsa vidente preso por roubo de R$ 700 milhões de idosa no Rio
Slavko Vuletic e Diana Rosa Stanesco, namorada de filha da vítima, foram encontrados em Saquarema; ela foi primeira a abordar idosa
Rio de Janeiro|Victor Tozo*, do R7, com Record TV Rio
A Polícia Civil prendeu, nesta terça-feira (16), mais dois envolvidos no roubo de mais de R$ 700 milhões da viúva de um colecionador de arte em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Slavko Vuletic e a filha, a falsa vidente Diana Rosa Stanesco, estavam em Saquarema, na região dos Lagos.
Ao ser detido pelos agentes da Deapti (Delegacia de Atendimento à Terceira Idade), Slavko disse: "A gente não é do mal. A gente tenta ser 'o mais possível' do bem. Mas aí, tem seus desvios, com certeza".
A dupla foragida estava escondida em uma casa alugada por temporada no município fluminense desde a realização da Operação Sol Poente, na última quarta (10). De acordo com a polícia, pai e filha já eram estelionatários conhecidos por envolvimento em outros golpes.
Na ocasião, foram presos Sabine Boghici (filha da vítima), Rosa Stanesco (filha de Diana e namorada de Sabine); Gabriel Nicolau e Jaqueline Stanesco, filho e prima de Rosa, respectivamente.
Eles são suspeitos de ter articulado o roubo de R$ 725 milhões em obras de arte de Geneviève Boghici, de 82 anos, viúva do marchand Jean Boghici. Entre os quadros furtados estavam trabalhos da pintora Tarsila do Amaral, como o Sol Poente, que deu nome à operação, avaliado em mais de R$ 200 milhões.
O golpe
Diana foi a primeira a abordar a vítima. Passando-se por vidente, disse a Geneviève que sua filha Sabine estava doente e morreria em breve. Assim, a idosa foi convencida de que deveria pagar R$ 5 milhões para a realização de um tratamento espiritual na filha.
Em 2020, após realizar diversas transferências em busca da cura de Sabine, a vítima passou a ser mantida isolada em casa pela filha, que demitiu funcionários e ameaçou a mãe com o auxílio dos comparsas.
Os quadros eram vendidos a negociadores de arte. Dois deles chegaram a ser expostos no Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires. Outros 14 foram encontrados no Rio e em São Paulo e estão sob os cuidados da polícia.
Quando conseguiu se libertar do cárcere, Geneviève acionou os agentes, que passaram a investigar a quadrilha.
Com a prisão de Slavko e Diana, todos os envolvidos no golpe estão detidos, segundo a polícia. O grupo vai responder pelos crimes de estelionato, roubo, extorsão, cárcere privado e associação criminosa.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.