Amiga de Flordelis 'treinou' testemunhas para não envolvê-la no crime, diz neta
Rebeca Vitória Rangel Silva foi a segunda testemunha de acusação ouvida neste quarto dia de julgamento
Rio de Janeiro|Do R7
Neta da ex-deputada e pastora evangélica Flordelis dos Santos de Souza, Rebeca Vitória Rangel Silva afirmou em depoimento, na manhã desta quinta-feira (10), no julgamento sobre o homicídio do pastor Anderson do Carmo, que Paula Neves Magalhães de Barros, amiga e braço direito da avó, simulou a coleta de depoimentos de testemunhas do processo para instruí-las a não acusar a ex-parlamentar.
De acordo com Rebeca, segunda testemunha de acusação ouvida neste quarto dia de julgamento na comarca de Niterói do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), Paula do Vôlei, como é conhecida, procurou os filhos e netos de Flordelis para submetê-los a perguntas.
"Ela sentava com a gente e simulava que ela era a delegada. Se a gente falasse algo sobre a Flordelis, ela dizia que não. Ela fazia a nossa cabeça para chegar na DH (Delegacia de Homicídios) e não acusar a Flordelis. Se eu falasse que a Flordelis era a mandante do crime, ela cortava", afirmou.
Flordelis 'permitiu' crime, diz filha adotiva
A primeira testemunha do dia, Roberta dos Santos, filha adotiva da ex-parlamentar e de Anderson do Carmo, disse ainda que o assassinato do pastor "só aconteceu porque ela [Flordelis] permitiu". Questionada sobre o fato de Flordelis ter sido a mandante do crime, Roberta foi taxativa: "Com certeza".
Segundo ela, a família de Flordelis "não era uma família normal, mas era uma família".
"Torta, errada, mas era uma família. Aprendemos a normalizar. Era uma família enorme. O Niel [apelido de Anderson, marido da ex-parlamentar] tratava a Flordelis como um Deus. O Niel tinha muito respeito por ela", disse.
A filha da ex-deputada negou que a mãe ou uma das irmãs tenham sido alvo de abuso sexual por parte de Anderson do Carmo.
"Não existe abuso sexual. O Niel [Anderson] não era um abusador", disse. "Quando me perguntam isso, me dá um embrulho no estômago. A forma como eles estão levando isso é um deboche com mulheres que realmente sofrem abuso sexual. Isso é uma afronta. O Niel respeitava. Ele não permitia que a gente andasse de biquíni, de short curto, porque tinha muito homem naquela casa. Abuso sexual eu nunca ouvi naquela casa. É uma casa grande, tem fofoca. Se tivesse, saberíamos."
Rebeca e Roberta foram ouvidas como testemunhas de acusação nesta quarta-feira (9). Onze pessoas já prestaram depoimento até o momento. Ainda estão previstas as oitivas de outras 16 pessoas em defesa dos réus.