Após um ano, 8 pessoas são indiciadas por incêndio no Hospital Badim
Investigações apontaram obras irregulares na unidade, defeito no sistema de prevenção às chamas e plano de evacuação falho
Rio de Janeiro|Bruna Oliveira, do R7
A Polícia Civil indiciou oito pessoas pelo incêndio no Hospital Badim, na Tijuca, zona norte do Rio, um ano após a tragédia que deixou 17 mortos.
Entre eles estão os diretores do hospital, responsáveis pela engenharia da unidade de saúde, arquiteto e diretores da empresa responsável pela construção e manutenção do gerador.
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Segundo o inquérito da 18ª DP (Praça da Bandeira), os indiciados vão responder 15 vezes por homicídio doloso qualificado, duas vezes por homicídio, além do crime de incêndio.
O caso foi concluído na semana em que outro hospital do Rio, a unidade federal de Bonsucesso, na mesma região, também foi atingido por um incêndio. Ao menos quatro pessoas morreram após o fogo consumir o subsolo do prédio 1.
Investigação
O incêndio no Hospital Badim aconteceu em setembro do ano passado. Ao todo, 103 pacientes estavam internados na unidade no momento do acidente.
As investigações apontaram obras irregulares no hospital, defeito no sistema de prevenção de incêndio e plano de evacuação falho.
A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli confirmou que o fogo começou no gerador da unidade, que estava instalado em um lugar sem proteção e deveria ficar dentro de um compartimento que pudesse resistir ao fogo, e que os tanques de armazenamento estavam em desacordo com as normas vigentes.
De acordo com os policiais, no dia do incêndio, alarmes não soaram e os pequenos chuveiros automáticos instalados no teto não soltaram água, o que fez com que a situação ficasse mais grave.
A Polícia Civil afirmou que o plano de evacuação não funcionou, já que funcionários dos pavimentos próximos ao subsolo tomaram conhecimento do incêndio, enquanto os dos andares superiores e pacientes não foram informados.
17 mortes
Segundo laudos do IML (Instituto Médico Legal), a maioria das vítimas morreu por inalação de fumaça e complicações pelo desligamento de aparelhos devido à falta de energia no prédio.
As investigações apuraram, ainda, que obras irregulares foram realizadas no hospital, com adaptações inadequadas e sem regularização do Corpo de Bombeiros. A unidade deveria ter adequado todos os projetos para ter as licenças de funcionamento necessárias para operação, de acordo com a polícia.
Defesa
Em nota, o Hospital Badim declarou estar surpreso com as informações do inquérito e que confia na análise do Ministério Público. Segundo a unidade, foram 13 mortes relacionadas ao incêndio e houve acordo com as famílias.