Assalto, traficante baleado e fuga: Saiba o que aconteceu antes do sequestro de ônibus no Rio
Ao tentar escapar para Minas Gerais, criminoso achou que seria preso durante pane de coletivo e confundiu passageiro com policial
Rio de Janeiro|Do R7, com Record Rio
O homem que sequestrou o ônibus com 16 reféns, na rodoviária do Rio de Janeiro, apresentou uma versão inconsistente à polícia logo após ser preso. Agora, os investigadores tentam montar o quebra-cabeça para esclarecer o caso que terminou com dois passageiros baleados — um deles luta pela vida no hospital.
O sequestrador Paulo Sérgio de Lima, de 30 anos, foi ouvido informalmente pelo delegado Mário Andrade, que não acredita que ele estivesse sob o efeito de drogas no momento do crime.
O preso já foi transferido para a cadeia de Benfica, onde deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (14).
Veja o que já se sabe sobre o crime:
Motivo da fuga do criminoso
Paulo Sérgio se entregou e foi preso após três horas de negociação com o Bope (Batalhão de Operações Especiais), que foi considerada difícil pelos agentes.
Inicialmente, o sequestrador disse à PM que estava em fuga do estado, após brigar com ex-aliados da facção criminosa que atua na Rocinha, na zona sul.
No entanto, a história não convenceu o delegado Mário Andrade, responsável pela apuração do caso. Na delegacia, outra versão foi descoberta.
Assalto a van e traficante baleado
Logo após o sequestro do ônibus, duas vítimas de um roubo a uma van, no domingo (10), procuraram a polícia e disseram ter reconhecido o suspeito noticiário.
As testemunhas contaram que, naquele dia, Paulo recolheu pertences dos passageiros e desceu em um dos acessos à Rocinha.
O que ele não esperava, segundo os relatos, era que algumas vítimas fossem atrás dele. Elas se depararam com traficantes e apontaram Paulo como assaltante.
Nesse momento, o suspeito teria ficado nervoso e disparado contra os bandidos, acertando a perna de um deles. Em seguida, Paulo fugiu da comunidade.
O sequestro
Por receio de permanecer no Rio, Paulo Sérgio decidiu mudar de estado. Câmeras de segurança da rodoviária flagraram o momento em que ele comprou uma passagem para Juiz de Fora (MG), na terça-feira (12).
De acordo com as investigações, ele já chegou ao local com medo de estar sendo observado por policiais ou traficantes. Durante o embarque, o ônibus apresentou problemas mecânicos e não saiu do terminal.
Preocupado com uma possível prisão por causa do roubo à van ou com uma suposta captura por parte de criminosos por ter baleado o traficante, ele se posicionou na entrada do coletivo.
Ao ver embarcar um passageiro com um porte físico que julgou semelhante a de um policial, Paulo Sérgio teria feito a menção de entregar a arma.
No entanto, outro passageiro, que estava por perto e não entendeu nada, correu. Foi então que Paulo fez disparos e atingiu três vezes a vítima.
Em seguida, o sequestrador impediu a saída de outras pessoas que estavam no segundo andar do veículo e manteve 16 reféns.
Passageiros feridos
O passageiro Bruno Lima da Costa Soares, de 34 anos, ficou gravemente ferido. Ele teve perfurações no coração e no pulmão.
O paciente passou por uma cirurgia no Hospital Souza Aguiar, no centro, e foi transferido para uma unidade particular.
Já a segunda vítima foi atingida por estilhaços e recebeu atendimento no posto da rodoviária.
Ficha criminal do sequestrador
Paulo Sérgio tem passagens por roubo. Foi preso pela primeira vez em 2019. De acordo com informações da RECORD, ele já havia sido condenado a nove anos de prisão por um assalto a ônibus no bairro do Rio Comprido, região central. Em 2022, foi colocado em regime aberto.
Violação da tornozeleira eletrônica
Ao sair da cadeia, Paulo Sérgio não respeitou as regras do monitoramento eletrônico. Em outubro de 2022, a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) notificou a Justiça sobre a violação da tornozeleira eletrônica. O comunicado ocorreu ainda outras quatro vezes.
Com os última acontecimentos, a Corregedoria-Geral da Justiça determinou a abertura de uma sindicância para apurar o motivo da demora da Vara de Execuções Penais para decidir pela regressão de regime da pena de Paulo.