Ativistas envolvidos na morte de cinegrafista deixam presídio no Rio
Fábio Raposo e Caio Silva deixaram o Complexo de Gericinó por volta de meio-dia
Rio de Janeiro|Do R7, com Rede Record
Os dois ativistas acusados de envolvimento na morte do cinegrafista Santiago Andrade, ocorrida durante uma manifestação em fevereiro do ano passado, foram soltos no início da tarde desta sexta-feira (20). De acordo com a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), Fábio Raposo e Caio Silva se encontram em liberdade por força de alvará de soltura.
Eles deixaram o Complexo Penitenciário de Gericinó por volta das 12h dentro de carros, pois, segundo os advogados, eles não queriam sair a pé para não serem expostos pela imprensa.
Na quinta-feira (19), o desembargador Gilmar Augusto Teixeira, da 8ª Câmara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio) decidiu retirar a exigência de monitoramento eletrônico imposta aos envolvidos na morte do cinegrafista, até que o Estado forneça a tornozeleira eletrônica. Apesar de a saída dos ativistas estar programada para a quinta-feira, devido à falta do equipamento, os ativistas, que estavam presos na Penitenciária Bandeira Stampa, só foram liberados nesta sexta.
Ao decidir pela liberdade da dupla, na quarta-feira (18), a Justiça determinou o cumprimento de seis medidas cautelares, entre elas, o monitoramento eletrônico. Porém, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) informou que o fornecimento do equipamento foi interrompido, em 6 de dezembro de 2014, por atraso nos pagamentos em razão de falta de verba.
Assim que as tornozeleiras estiverem disponíveis, Caio e Fábio terão que comparecer a uma unidade da Seap para fazer a instalação, sob pena de revogação das medidas cautelares.
Entenda o caso
Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza são acusados de ter acendido o rojão que provocou a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio de Andrade, no dia 6 de fevereiro do ano passado, durante uma manifestação no centro do Rio. Presos há um ano, os dois respondiam por homicídio triplamente qualificado — motivo torpe, com uso de explosivo e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima.
Na quarta-feira (18), a Justiça desclassificou a acusação de crime doloso, atendendo o recurso do defensor público Felipe Lima de Almeida, que representa um dos réus. A acusação de explosão seguida de morte foi mantida e, agora, Caio e Fabio vão poder aguardar o julgamento em liberdade.
Com a desclassificação, o processo sai da competência do 3º Tribunal do Júri e será redistribuído para uma das varas criminais comuns da capital. O promotor que receber o caso terá que oferecer uma nova denúncia. O MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) anunciou que vai recorrer da decisão.
A Justiça também decidiu que os dois envolvidos na morte do cinegrafista, Fábio e Caio, terão que cumprir medidas cautelares. Entre elas, ficou determinado o comparecimento periódico ao juízo; proibição de acesso ou frequência a reuniões, manifestações, grupos constituídos ou não, bem como locais de aglomeração de pessoas de cunho político ou ideológico; proibição de manter contato com qualquer integrante do denominado Black Blocs; proibição de ausentar-se da comarca da capital; recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, principalmente nos fins de semana e monitoramento eletrônico.
A filha de Santiago, Vanessa Andrade, se manifestou nas redes sociais após a decisão da Justiçade conceder liberdade aos ativistas. A jornalista escreveu um texto em tom de desabafo: "É difícil, é doloroso, depois de um ano sem Santiago a sensação de não poder fazer nada me corrói, me humilha".