Com Lima, organização criminosa de Michel Temer atua há 40 anos
Investigações do Ministério Público Federal apontam que esquema chegou a movimentar R$ 1,8 bilhão em propinas
Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7
A organização criminosa comandada pelo ex-presidente Michel Temer, segundo o MPF (Ministério Público Federal), atuava há cerca de 40 anos e chegou a movimentar R$ 1,8 bilhão em propinas. Um dos pilares do grupo era o coronel Lima, operador financeiro do grupo e responsável por solicitar às empresas contratadas pagamentos indevidos para prestação de serviço.
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De acordo com a procuradora da República Fabiana Schneider, Lima, amigo pessoal de Temer, era uma das principais figuras da Argeplan, empresa contratada para prestação de serviços ao poder público.
Em entrevista coletiva, na sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, a procuradora afirmou que durante as investigações foi verificado o crescimento "exponencial" da empresa de acordo com a ocupação de cargos públicos por Michel Temer.
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A atuação de Lima na Argeplan começou nos anos 1980, mesma época em que ele e Temer se conheceram na Secretaria de Seguraça Pública de São Paulo. Entretanto, segundo a procuradora, ele só passou a fazer parte do quadro da empresa nos anos 2000.
Esse período que o coronel demorou para fazer parte da Argeplan causou estranheza aos procuradores, que concluíram que isso aponta uma tendência de ocultar a atuação de alguma pessoa. "Ato típico de um grupo criminoso que atua sem ser querer ser identificado", disse Fabiana.
Em uma planilha encontrada em outras operações, os procuradores identificaram pagamentos realizados ao longo de 20 anos a um codinome apontado como MT, que seria o ex-presidente. Para Fabiana, isso representa a "longevidade da organização".
A influência de Temer na empresa também é destacada por uma linha telefônica utilizada pelo ex-presidente cujo endereço de cobrança ficava na sede da Argeplan.
Fabiana acrescentou ainda que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) aponta uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões na conta da Argeplan em outubro passado. O caso ocorreu após a prisão temporária do coronel Lima em abril.
"Esse fato precisa ser apurado, investigado, é apenas uma comunicação do Coaf, mas esse fato é extremamente recente e é um indicativo de que a organização criminosa continua atuando. Um depósito de R$ 20 milhões em espécie é algo muito expressivo", destacou a procuradora.