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Amigo de Temer e chamado de 'tio' por sua filha: quem é coronel Lima

Polícia Federal afirmou que Lima intermediou o recebimento de R$ 1 milhão de propina para organização criminosa em nome do ex-presidente Temer

Brasil|Plínio Aguiar, do R7

Preso nesta quinta, coronel Lima é amigo do ex-presidente Michel Temer
Preso nesta quinta, coronel Lima é amigo do ex-presidente Michel Temer

Alvo de mandado de prisão na manhã desta quinta-feira (31) pela Lava Jato, João Baptista Lima Filho, mais conhecido como coronel Lima, é amigo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Ele já foi preso pela Polícia Federal, é chamado pela filha de Temer de "tio" e viu sua empresa crescer justamente quando Temer foi secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo.

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Nesta quinta, Lima foi alvo da força-tarefa da Lava Jato. Batizada de operação Descontaminação, a ação cumpre oito mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 26 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Distrito Federal.

A primeira prisão de Lima ocorreu em 29 de março de 2018, quando o PM reformado foi detido por policiais federais em sua casa, em São Paulo. A detenção foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso, no âmbito da Operação Skala, que também prendeu outro amigo do emedebista, o advogado José Yunes.


Antes de prender o policial reformado, a Polícia Federal tentava ouvi-lo desde meados de 2017. Mas, por diversas vezes, Lima não compareceu aos depoimentos alegando motivos de saúde.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF) de Brasília, que aditou denúncia contra o chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara" em acusação sigilosa, o coronel reformado intermediou o recebimento de R$ 1 milhão de propina para uma organização criminosa em nome de Temer, que foi paga pelo grupo J&F.


Veja também: PF: empresa de coronel Lima atendeu a 'demandas' de Temer

Para o MPF, o coronel Lima agregou-se ao núcleo financeiro da organização criminosa para cometer vários delitos, em especial contra a administração pública, para a arrecadação de propina em diversos órgãos. "Seu papel na organização criminosa era o de auxiliar os demais integrantes do núcleo político na arrecadação da propina, em especial seu líder, Michel Temer, conforme já narrado na peça acusatória", afirma o MPF, na acusação.


Lucro impulsionado

A empresa Argeplan Arquitetura & Engenharia, que tem como um dos sócios o coronel Lima, teve o crescimento impulsionado justamente quando Temer foi o secretário da Segurança Pública de São Paulo, entre 1984 e 1993.

Em 1993, pelo menos dois contratos de pouco mais de R$ 500 mil (valor corrigido) foram firmados com a secretaria. Antes, entre 1991 e 1992, quando Lima era chefe do Centro de Suprimentos e Manutenção de Obras da PM, o coronel contratou a própria Argeplan para projetos da Polícia Militar paulista.

Já quando Temer assumiu a vice-presidência da República, a empresa de Lima passou a receber pagamentos por obras feitas para a União. De 2011 a 2016, foi R$ 1,1 milhão por serviços de transporte. A Argeplan também conseguiu o contrato na usina de Angra 3, que está sendo investigada na Operação Lava Jato.

"Tio" de Maristela Temer

A filha do ex-presidente Temer, Maristela Temer, prestou depoimento à Polícia Federal no ano passado. O alvo do interrogatório eram as relações próximas da filha do emedebista como o coronel Lima. A antiga amizade entre o casal Lima e sua mulher Maria Rita e a família Temer permitia que Maristela os chamasse de "tio" e "tia", informou Christina Lemos em sua coluna no R7.

Naquela ocasião, a PF indiciou Temer, Maristela, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) — o "homem da mala dos R$ 500 mil" —, o coronel Lima, a arquiteta Maria Rita Fratezi (mulher do coronel), além de executivos da empresa Rodrimar e do grupo Libra no inquérito dos Portos.

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