Defensoria Pública e MP entram com ação contra Governo do Rio
Estado tinha até 1º de agosto deste ano para concluir licitação de sistema que permitiria utilizar cartões eletrônicos de concessionárias em outros modais
Rio de Janeiro|Lucas Ferreira, do R7*
A DP-RJ (Defensoria Pública do Rio de Janeiro) e o MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) moveram na última terça-feira (18) uma ação de execução coletiva na Justiça contra o Governo do Estado e o atraso na implantação do sistema de interoperabilidade nos transportes do Rio de Janeiro.
O Estado do Rio tinha até o dia 1º de agosto deste ano para concluir a licitação da bilhetagem eletrônica, que visa à utilização de um mesmo cartão de transporte em outros modais.
Atualmente, apenas o RioCard, criado por uma empresa da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) é aceito tanto em ônibus, quanto barcas, metrôs e trens.
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O acordo feito com o Governo do Rio foi assinado em novembro de 2017, previsto em um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). A DP-RJ e o MP-RJ pedem uma multa diária de R$ 10 mil contra o secretário estadual de transporte pelo descumprimento da medida.
“Infelizmente o governo atual não cumpriu sua obrigação assumida na Justiça para colocar um fim ao controle da Fetranspor em todo o sistema de transporte. Esperamos que o novo governo efetive todas as medidas previstas neste TAC”, disse Eduardo Tostes, defensor público envolvido na ação.
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Em nota, a DP-RJ informou que o direito concedido à Fetranspor não passou por qualquer tipo de concorrência pública e destacou que a relação entre o Estado do Rio e a instituição é “objeto de investigação por uma série de irregularidades”.
A Setrans (Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro), em declaração, lamentou a opção da DP-RJ e do MP-RJ de entrar com uma ação de execução coletiva e destacou estar surpreendida, já que a responsabilidade de implatação da interoperabilidade seria dos modais (leia nota na íntegra no final da matéria).
A assessoria da Fetranspor declarou que não há um posicionamento da instituição sobre o caso.
"A Secretaria de Estado de Transportes lamenta a opção da Defensoria Pública e do Ministério Público de entrarem com a ação de execução coletiva contra o Governo do Estado, no momento em que ocorriam as negociações com os modais rumo à efetiva implementação da interoperabilidade. A Setrans ressalta que foi surpreendida com a medida, uma vez que a referida implantação é responsabilidade dos modais, e não do Estado.
O Governo do Estado, através da Secretaria de Transportes, está 100% em dia com o cumprimento do Termo de Compromisso proposto pelo próprio Estado e celebrado com a Defensoria Pública e o Ministério Público, no âmbito da ação civil pública ajuizada pelos órgãos de controle sobre a bilhetagem eletrônica. Vale ressaltar que a interoperabilidade não é objeto dessa ação, e sim uma política de governo (acrescida ao termo pelo Estado), que deve ter garantida, porém, sua segurança quanto à viabilidade técnica e operacional. Ressaltamos, ainda, que a obrigatoriedade da interoperabilidade, como política de governo, estará prevista nas licitações em curso para a prestação de serviços de transportes rodoviário e aquaviário.
Todas as dez reuniões técnicas sobre o tema contaram com a participação de representantes do MP e da Defensoria, conforme registrado em atas. A mais recente delas foi realizada no último dia 14, quando foi discutida a minuta do aditivo ao Termo de Compromisso.
Inicialmente, foi definido o prazo de nove meses para a implementação da interoperabilidade, ouvidos todos os modais (CCR, MetrôRio, SuperVia e Fetranspor), regulamentado via decreto do governador (Decreto nº 46.243 de 07 de fevereiro de 2018).
Entretanto, em 01 de março de 2018, todos os modais apresentaram carta conjunta solicitando a ampliação desse prazo, tendo em vista a complexidade técnica para que a solução fosse desenvolvida e implantada de forma segura e fidedigna, uma vez que impacta mais de 150.000.000 de viagens mensais.
Por fim, ressaltamos que a implantação da interoperabilidade constitui um projeto que tem revolucionado o sistema de transportes. Por isso, lamentamos a decisão do MP e da Defensoria de deixarem de participar da condução desse projeto e optarem por buscar no judiciário uma medida coercitiva para executar algo que já é objeto de estudo. Além disso, se mal implementado, impactará a vida de milhões de usuários e poderá gerar o caos no sistema de transporte do Estado do Rio de Janeiro."
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*Estagiário do R7, sob supervisão de Bruna Oliveira