Ex-governador do Rio pode voltar para Complexo de Bangu nesta segunda (2)
Celulares, cigarros eletrônicos, anabolizantes e lista de pedido de entrega por restaurantes foram encontrados dentro de cela
Rio de Janeiro|Da Agência Brasil
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, deve voltar ainda nesta segunda-feira (2) para presídio de segurança máxima no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. Desde setembro do ano passado ele está preso no Bep (Batalhão Especial Prisional) da Polícia Militar, em Niterói, na região metropolitana.
A transferência é decisão do juiz da VEP (Vara de Execuções Penais), do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), Marcelo Rubioli. Durante uma fiscalização no batalhão na semana passada, o magistrado constatou uma série de irregularidades, que representam regalias ao ex-governador e a outros presos.
Imagens feitas na ação realizada pela VEP, Ministério Público e Corregedoria da Polícia Militar mostram que foram encontrados celulares — um deles escondido na fenda de uma prateleira de madeira —, anabolizantes, cigarro eletrônico e lista de pedido de entrega por restaurantes de comida árabe, além de dinheiro e cigarros de maconha. Ainda durante a fiscalização, teriam sido encontradas, na cela de Cabral, toalhas com o nome Sérgio bordado.
O tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira, que está preso no mesmo local, também foi apontado em irregularidade por possuir celulares, entre outros objetos. Ele foi condenado a 36 anos de prisão pela morte da juíza Patrícia Accioli, assassinada em 2011.
Defesa de Cabral
Em nota, a defesa do ex-governador nega que tenha sido encontrada alguma irregularidade na cela de Cabral durante a fiscalização. “Na revista feita na última semana pelo juiz responsável pela Vara de Execuções Penais, não foi encontrada qualquer irregularidade em sua cela, motivo pelo qual nenhum dos objetos encontrados em áreas comuns foi relacionado pela equipe ao ex-governador. Ele desconhece objetos encontrados fora da galeria de acautelamento dos oficiais. No momento da chegada das autoridades, o ex-governador estava em área comum, na companhia dos demais acautelados”, afirmou.
Também em nota, a defesa do tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira, apontado nas irregularidades, afirma não ter sido encontrado em sua cela nenhum dos materiais. “No momento da revista, o tenente-coronel se encontrava em ambiente comum com os demais acautelados”, completou.
As duas notas são assinadas por Patricia Proetti Esteves. Para a advogada, a denúncia “retrata uma perseguição infundada, uma vez que nada foi encontrado na cela do ex-governador, que, inclusive, não responde a nenhum PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar). A defesa irá reagir de forma enérgica para impedir mais esta barbárie”, afirmou a advogada.
Nota da PM
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou em nota que todas as decisões da Vara de Execuções Penais são “rigorosamente cumpridas” no Batalhão Especial Prisional, por determinação do comando da unidade.
Conforme a secretaria, em consequência desses procedimentos, seis acautelados, entre eles cinco oficiais, “já respondem a processos administrativos disciplinares e tiveram, preventivamente, o direito a visitas suspenso”.
Ainda conforme a PM, além disso, o atual comando da corporação vem realizando ações para aprimorar o sistema de controle da unidade prisional, como a renovação de parte do efetivo; intensificação das inspeções internas pela Corregedoria Geral; reposição de equipamentos de controle. A secretaria informou ainda que a aquisição de um scanner corporal está em processo de licitação e que estão sendo feitos cursos de capacitação de pessoal. Em médio prazo, está previsto um projeto de reestruturação das instalações físicas da unidade prisional.
Autorização
Cabral estava preso em Bangu 8, mas foi transferido para o Batalhão Especial Prisional após autorização do juiz da 7ª Vara Federal, Marcelo Bretas, cumprindo decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, que levou em consideração o argumento da defesa do ex-governador de que ele não podia permanecer preso no mesmo ambiente com pessoas mencionadas por ele em depoimento de delação premiada.