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Justiça revoga prisão de artista circense preso como miliciano 

Pablo Bessa foi preso em show de pagode que teria sido organizada por milicianos, segundo Polícia Civil; jovem fará turnê na Suécia

Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7

Pablo foi preso em uma festa de pagode em Santa Cruz
Pablo foi preso em uma festa de pagode em Santa Cruz Pablo foi preso em uma festa de pagode em Santa Cruz

A Justiça do Rio revogou, nesta quinta-feira (19), a prisão preventiva de Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos, detido em uma operação contra a milícia em Santa Cruz, zona oeste do Rio. O jovem artista circense estava preso desde 7 de abril, quando a Polícia Civil fez uma ação em um show de pagode em sítio no bairro.

De acordo com a decisão da Justiça, as motivações para revogar a prisão de Pablo são que ele “é primário, não possui antecedentes criminais, tem residência fixa e é profissional circense”. Além disso, a decisão também aponta que “o fator que o diferencia de todos os outros presos é a comprovação documental de que passa a maior parte de sua vida, atualmente, fora do país”.

Pablo trabalha há cinco anos na empresa Up Leon e passa de quatro a oito meses no ano na Suécia fazendo apresentações circenses como acrobata, malabarista e capoeirista. A próxima viagem está marcada para a terça-feira (24), quando vai realizar uma turnê de cinco meses e meio.

A prisão de Pablo aconteceu durante um show de pagode que, segundo a Polícia Civil, foi organizado pela milícia que atua na região. Já Jéssica Carla, mulher de Pablo, diz que houve venda de ingressos pela internet e até segurança com revista corporal, como em outros shows.

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— Vimos a propaganda do evento no Facebook e nas rádios também. Compramos o ingresso pelo site e no dia fomos revistados, tinha segurança feminino e masculino, tudo normal.

Segundo ela, a festa corria normal, dois grupos de pagode se apresentaram e, por volta das 3h, antes do último grupo tocar, os policiais chegaram e houve troca de tiros do lado de fora do evento. Nesse confronto, quatro pessoas morreram, segundo a DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), todos envolvidos com a milícia.

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Jéssica contou que os agentes mandaram as mulheres saírem do sítio e que os homens foram levados à Cidade da Polícia, na zona norte, onde passariam por averiguação e então seriam liberados os que não tivessem antecedentes criminais. Todos os 159 detidos ficaram presos na unidade.

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O caso de Pablo chamou atenção e fez com que artistas como Wagner Moura e Marcos Frota, que é responsável pelo Unicirco, onde o jovem trabalhou, se manifestassem pedindo para que a Justiça revogasse a prisão dele.

Na quarta-feira (18), a Defensoria Pública do Rio de Janeiro divulgou que, dos 159 presos, 139 não são alvo de investigações. Desde a prisão, familiares de vários presos fazem protestos na porta do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) pedindo que os detidos sejam liberados.

Trajetória no circo

Jéssica contou que Pablo trabalha com circo há nove anos, desde que entrou em uma ONG na comunidade onde moram. Foi lá que o casal se conheceu e, anos depois entraram para o Unicirco do Marcos Frota.

Há cinco anos, Pablo fez teste para a Up Leon e, desde então, divide a vida entre o Rio de Janeiro e a Suécia.

A mulher do artista diz que se sentiu revoltada com a prisão dele.

— Lá [na Suécia] ele é muito bem tratado, tem muitos amigos que estão torcendo por ele. E aqui, no país onde ele nasceu, está sendo tratado como um delinquente, um bandido, um miliciano. Eu sinto muita revolta.

Jéssica também disse que na comunidade eles são vistos como referências para as crianças, principalmente pela carreira bem sucedida de Pablo.

— Ele é um brasileiro de favela que conseguiu conquistar o espaço dele lá fora. Dá orgulho pras crianças da comunidade ao mostrar que podemos ser diferentes, não é porque moramos em favela que somos bandidos. Que podemos crescer, sim, conhecer o mundo, sim, sendo de favela.

Defensoria Pública

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro se manifestou logo após a Justiça conceder liberdade ao artista circense. A instituição declarou que a decisão "ainda é um pequeno passo tendo em vista a grande injustiça cometida contra a maioria das pessoas presas na operação policial em Santa Cruz".

O subcoordenador do núcleo de Defesa Criminal da DPRJ, Ricardo André de Souza, afirmou que aguarda o julgamento dos outros 39 pedidos de liberdade que protocolou na Justiça.

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