Polícia considera prisões "forte baque" para quadrilha de milicianos
Segundo delegado da DHBF, grupo criminoso preso neste sábado agia de "forma sanguinária", executando e extorquindo moradores e comerciantes
Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7, com Agência Brasil
A operação realizada na madrugada deste sábado (7), na zona oeste, que prendeu 142 pessoas e sete menores ligados à maior milícia do Rio de Janeiro, segundo a Polícia Civil, representou “um forte baque” no grupo organizado. As prisões foram feitas em um pagode realizado em um sítio da região de Santa Cruz.
De acordo com as investigações, que cruzaram dados levantados pela DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense) e pelas delegacias de Campo Grande (35ª DP) e Vicente de Carvalho (27ª DP), a polícia identificou que o grupo é, atualmente, o maior e mais perigoso a atuar no Estado.
A Liga da Justiça, que tem como base Campo Grande, expandia suas atividades para municípios como Itaguaí e Seropédica e para cidades da Costa Verde do estado do Rio de Janeiro. Além de cometer assassinatos e cobrar taxas ilegais de segurança a moradores, os milicianos já haviam fechado acordos com traficantes para a venda de drogas e o roubo de cargas nos territórios sob seu controle.
Além das prisões, os agentes também apreenderam 12 fuzis, 19 pistolas, um simulacro de fuzil, granadas, munições, 15 veículos roubados, algemas e réplicas de fardas.
A ação
Cerca de 40 policiais civis participaram da ação e foram recebidos a tiros por seguranças de Wellington da Silva Braga, o Ecko, apontado como chefe da milícia, que estava no local, mas conseguiu fugir. Quatro pessoas morreram e uma ficou ferida em confronto com os policiais. De acordo com a Polícia Civil, todos os baleados eram seguranças de Ecko.
Os presos responderão por crimes como organização criminosa, formação de quadrilha, receptação de veículos e porte ilegal de armas de fogo. Os detidos foram transportados em ônibus para a Cidade da Polícia, no Jacaré, zona norte, de onde devem ser encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu. Há policiais militares entre os presos, e o número exato de agentes de segurança pública entre os participantes ainda está sendo levantado.
O delegado assistente da DHBF, Fábio Salvadoreti, afirmou que a milícia atuava de "forma sanguinária", executando pessoas com as quais seus membros tinham desavenças e extorquindo dinheiro de moradores e comerciantes.
— Se a pessoa resolve não pagar a taxa que eles acreditam que lhes é devida, eles exterminam.
O secretário estadual de Segurança Pública, general Richard Nunes, elogiou a ação dos policiais civis e informou que outras ações estão planejadas para ser executadas em curtíssimo prazo.
— Essa foi uma semana muito exitosa para a segurança pública do nosso estado, a intervenção federal começa a apresentar resultados positivos.
O chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, destacou que nenhum policial foi ferido na operação, que foi fruto de inteligência e planejamento.
— Não vamos diminuir nossa força. Vamos atuar incessantemente contra a milícia.
Represália
Após as mortes e a prisão dos 149 suspeitos, manifestantes fecharam a avenida Cesário de Melo e atearam fogo na estação de BRT Cesarão III. Agentes do Corpo de Bombeiros de Santa Cruz foram acionados e controlaram as chamas.
O Consórcio BRT informou, por meio de nota, que a operação do corredor no trecho da avenida Cesário de Melo foi interrompido e que as linhas 15 e 17 estão temporariamente suspensas, sem previsão de retorno.