Um dia após a morte de Lilian Calixto, de 46 anos, a Justiça do Rio decretou a prisão temporária de Denis Cesar Furtado, médico responsável pelo procedimento estético que teria provocado a morte da mato-grossense. A bancária teve complicações após se submeter a uma cirurgia para aplicação de silicone nos glúteos em um apartamento na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, no último sábado (14). Durante a cirurgia, Denis recebeu ajuda de uma técnica em enfermagem, da namorada, que já foi presa, e da mãe, que exercia a profissão ilegalmente após ter o registro médico cassado. Os quatro foram indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa. — Pessoas que se propõem a fazer esse tipo de procedimento em um local completamente inadequado, ou seja, em casa, assumem o risco da morte da pessoa — declarou a delegada responsável pelo caso, Adriana Belém, em entrevista à RecordTV Rio. Segundo ela, o médico e a mãe são considerados foragidos. A bancária veio de Cuiabá, no Mato Grosso, para se submeter à cirurgia. Na contratação, Denis teria informado que o procedimento seria realizado em um consultório, mas Lilian foi levada para a cobertura do cirurgião. De acordo com a família da vítima, ela passou mal logo após a operação e precisou ser atendida na emergência em hospital particular na Barra da Tijuca, mas morreu horas depois por uma parada cardíaca. Segundo o enteado de Lilian, Alessandro Jamberci, o médico teria usado a substância polimetilmetacrilato, popularmente conhecido como metacril, um material parecido com plástico utilizado em preenchimentos corporais e faciais. O Conselho Federal de Medicina e o Ministério da Saúde estabelecem normas mínimas para o funcionamento dos consultórios médicos e hospitais de modo que a segurança do paciente seja garantida. — Sempre é preciso fazer [os procedimentos cirúrgicos] em ambientes hospitalares que têm todo o arcabouço necessário para a proteção e cuidado da vida do paciente — defendeu o cirurgião plástico Marcio Walace. “Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido. A SBCP repudia e reprova procedimentos médicos na área realizados por não especialistas e, sobretudo, nestes moldes. A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este”, disse em nota a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) informou que abriu uma sindicância para apurar o caso. Apesar de não ter autorização para atuar fora do Distrito Federal e de Goiás, no site do médico é possível agendar consultas no Rio de Janeiro, em Manaus, no Amazonas, e em São Paulo. Denis também vendia seus serviços nas redes sociais, onde era conhecido como "Doutor Bumbum". No Instagram, o perfil dele conta com 651 mil seguidores. No youtube, o médico divulgava videoaulas em um canal com mais de 1.400 inscritos. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca). Em nota, a defesa do médico informou que "Lilian não apresentou qualquer complicação no momento do procedimento estético" e que, "após receber uma ligação da paciente informando que não estava se sentindo bem, o Dr. Denis e a Dra. Fátima acompanharam pessoalmente a bancária até o hospital". A defesa afirmou ainda que "eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce".*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa