MP diz que ex-secretário da Polícia Civil preso atuou como agente duplo em disputa de bicheiros
Candidato a deputado federal pelo Rio, Allan Turnowski alegou em vídeo ser alvo perseguição política
Rio de Janeiro|Do R7, com Record TV Rio
Preso nesta sexta-feira (9), o ex-secretário da Polícia Civil do Rio Allan Turnowski é investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) na Operação Águia na Cabeça por envolvimento com o jogo do bicho e atuação em favor de contraventores rivais: Rogério de Andrade, preso em julho deste ano, e Fernando Iggnácio, assassinado em 2020.
A denúncia recebida pela 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado apontou que Allan Turnowski e outro delegado, Maurício Demétrio, participavam de uma organização criminosa. De acordo com o MP-RJ, enquanto Demétrio seria ligado a Fernando Iggnácio, o ex-secretário teria atuado como um "agente duplo" na disputa entre os bicheiros.
As investigações indicaram que o esquema envolvia recebimento de propina da contravenção e vazamento de informações. O ex-secretário estaria envolvido ainda em um suposto plano para matar Rogério de Andrade, sobrinho do falecido bicheiro Castor de Andrade, de acordo com informações obtidas pela Record TV Rio.
Allan Turnowski já havia sido chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011 e se afastou da instituição após uma investigação da Polícia Federal sobre suposto vazamento de uma operação. No entanto, o caso acabou arquivado por falta de provas. Em 2020, ele voltou como secretário da pasta, mas deixou o cargo, em março deste ano, para concorrer a uma vaga de deputado federal.
Em um vídeo, o ex-secretário da Polícia Civil afirmou que está sendo vítima de perseguição política e declarou ter pedido a prisão de milicianos e contraventores durante a gestão dele. Por fim, fez acusações contra membros do MP-RJ, sem citar nomes.
Na casa de Allan Turnowski, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, um veículo passou por revista. Os agentes também estiveram em um escritório dele no centro da cidade. Além disso, a ação apreendeu um fuzil, que deverá ser periciado.
A operação Águia na Cabeça cumpriu 18 mandados de busca e apreensão. Entre os alvos estava o ex-chefe do Departamento de Homicídios Antonio Ricardo, que é candidato a deputado estadual. A advogada Adriana Galucio disse que ele é inocente e tem uma conduta ilibada.
Além de Turnowski, a Justiça também decretou a prisão preventiva do delegado Maurício Demétrio, que já estava preso por outra investigação, e de Marcelo José Araujo de Oliveira, apontado como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio. Até o momento, Marcelo José não foi preso. A defesa dele não foi localizada.
A Corregedoria da Polícia Civil ainda não se manifestou por não ter recebido uma cópia da denúncia. Além disso, ressaltou que a atual gestão do governo estadual investigou e pediu a prisão de três importantes chefes das principais facções da contravenção, entre eles, Rogério de Andrade.