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“Não somos só vândalos”, dizem black blocs do Rio 

Conheça o movimento dos mascarados e o que eles pensam 

Rio de Janeiro|Do R7

"Queremos tirar a desigualdade social, tirar a corrupção e a repressão ridícula do Estado", diz grupo
"Queremos tirar a desigualdade social, tirar a corrupção e a repressão ridícula do Estado", diz grupo

As manifestações que ganharam o Rio de Janeiro e o Brasil desde junho se dividiram pouco a pouco entre dois grupos: os que gritaram pelo protesto sem violência e os mascarados, que enxergam no quebra-quebra a solução para colocar de vez o País nos eixos. Os Black Blocs se destacaram pelo tom misterioso e aguçaram a curiosidade. Afinal, quem são e o que querem? Em entrevista ao R7, um black bloc carioca falou sobre a multidão atrás das máscaras e os objetivos do movimento, que se denomina anarquista. As declarações foram dadas em conversa feita por meio de uma rede social, na segunda-feira (2), dois dias antes de uma operação da polícia prender três integrantes do grupo e apreender dois menores de idade. Eles vão responder pelos crimes de incitação da violência e formação de quadrilha armada.

O movimento vem sendo investigado pela polícia desde julho deste ano. A operação ainda continua e tenta prender mais participantes. Polêmicos por esconderem os rostos e quebrarem agências bancárias, lojas e pontos de ônibus, os atuantes vestem preto e costumam fazer um cordão de isolamento na frente dos manifestantes durante protestos. Para afastar os agentes, eles também fazem barricadas com lixeiras e placas de trânsito.

A tática de defesa adotada surgiu na Alemanha, na década de 80, inspirada em outros movimentos da Europa. Durante o período, os jovens lutaram por mais oportunidades e contra a cultura de massa. No Rio de Janeiro, o Black Bloc vem ganhando força desde o final de junho, quando as manifestações se espalharam por todo o País.

O movimento também despertou a curiosidade por não ter liderança e trazer como um dos seus símbolos a máscara do personagem V do filme V de Vingança, inspirada em Guy Fawkes — o soldado que participou do levante católico intitulado Conspiração da Pólvora que tentou assassinar o rei protestante Jaime I, em 1605, explodindo o Parlamento do Reino Unido —.


A ausência da identificação faz parte de uma das definições do grupo que é a coletividade, o que também influenciou na entrevista dada ao R7.

Sem se identificar, a pessoa no outro computador respondeu pelos participantes. Desconfiados, disseram que responderiam de forma curta e ponderada para que nada pudesse ser alterado ou editado.


R7: Quem participa do movimento em sua maioria?

Black Bloc RJ: Todas as idades. Tem até idosos que dão umas dicas.


R7: Como se definem e por que aderiram ao movimento?

Black Bloc RJ: Principalmente contra a repressão.

R7: Qual o objetivo do grupo hoje, diante do cenário político do País?

Black Bloc RJ: Queremos tirar a desigualdade social, tirar a corrupção e a repressão ridícula do Estado.

R7: O que significa a destruição de agências bancárias e lojas de rede?

Black Bloc RJ: Basicamente contra o capitalismo.

R7: E do patrimônio público?

Black Bloc RJ: Creio que são poucos os black blocs que quebram o patrimônio público.

R7: Como reagem quando são chamados de vândalos?

Black Bloc RJ: Ficamos felizes, mas odiamos a imagem que a grande mídia passa da gente, pois não somos só vândalos.

R7: Como vocês veem pessoas que, sem justificativa, se aproveitam da situação para quebrar carros, pontos de ônibus, dentre outras coisas pelo caminho?

Black Bloc RJ: Não gostamos muito, pois acaba com a imagem que a grande massa tem da gente.

R7: Como se organizam e decidem que estarão nas manifestações? E que tipo de manifestação vocês querem estar?

Black Bloc RJ: Segredo. Estamos em todas, menos nas dos partidos políticos, pois somos contra.

R7: Vocês têm contato com outros grupos fora do País?

Black Bloc RJ: Sim.

R7: Como se consideram dentro do espectro político? São anarquistas?

Black Bloc RJ: Somos anarquistas.

R7: O que pensam quando dizem que a maioria das pessoas que estão no movimento são ricas?

Black Bloc RJ: Vemos isso como uma mentira, pois a maioria é pobre e vive em favelas.

Larissa Kurka, do R7

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