Notebook de operador financeiro de Cabral é encontrado em lago no RJ
Computador, onde estariam registradas planilhas de pagamentos de propina, foi descartado quando a Operação Lava Jato começou
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*
Agentes do Corpo de Bombeiros resgataram um notebook onde estariam registradas planilhas de pagamentos de propina de um suposto esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral. O computador estava há quatro anos no fundo de um lago na fazenda do operador financeiro de Cabral, Carlos Miranda, em Paraíba do Sul, no sul Fluminense. A operação ocorreu no primeiro semestre de 2018 e foi solicitada pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro).
Miranda contou que jogou o computador no local quando a Operação Lava Jato começou. "Eu joguei no lago do meio da minha fazenda, em Paraíba do Sul, no intuito de destruir a prova”, disse em depoimento.
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Entre os arquivos salvos no notebook estariam planilhas com as transações do grupo de Cabral, incluindo pagamentos feitos ao então procurador-geral de Justiça do Estado, Cláudio Lopes, denunciado na terça-feira (9) por formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, além de quebra de sigilo funcional, crimes que teriam sido cometidos entre o final de 2008 e dezembro de 2012.
De acordo com a denúncia, Cláudio Lopes receberia mesadas para blindar o suposto esquema criminoso de Sérgio Cabral e proteger os envolvidos de investigações do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Os promotores relataram, na investigação, que o ex-procutador fazia interferências nas investigações e teria vazado informações sobre operações.
Lopes também foi acusado, na delação de Carlos Miranda, de procurar o então secretário de Governo, Wilson Carlos, durante a reforma do Maracanã para que a empresa responsável pela obra subcontratasse a firma de um familiar de sua esposa. A empresa do marido de uma prima da esposa de Lopes teria ficado responsável pela parte elétrica e obras hidráulicas.
Em agosto deste ano, após ter sido citado no depoimento de Miranda, Cláudio Lopes continuou trabalhando no Ministério Público fluminense. Na época, o órgão afirmou que a análise de possível afastamento só era cabível após a conclusão das investigações e instauração de regular processo criminal. Atualmente, um procedimento disciplinar está em adamento, sob sigilo, na Corregedoria-Geral do MPRJ.
Quando surgiram as acuções, Lopes encaminhou um comunicado aos colegas do Ministério Público, negando o crime. “Não tenho a menor sombra de dúvidas que essa leviana e criminosa imputação que me foi feita será devidamente esclarecida e afastada. A afirmação de recebimento de vantagens mensais durante meus dois mandatos é totalmente inverídica, irresponsável e irreal", afirmou Lopes.
O R7 aguarda posicionamento dos outros denunciados. O espaço está aberto para manifestação das defesas.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.