O episódio que ficou conhecido como Ônibus 174 em que um coletivo foi sequestrado no Jardim Botânico, zona sul do Rio, completa 15 anos nesta sexta-feira (12). O crime terminou com dois mortos: a passageira Geísa Gonçalves e o próprio sequestrador Sandro do Nascimento. O Jornal da Record exibe na noite de hoje reportagem sobre o sequestro com entrevista de Damiana Nascimento de Souza, que sobreviveu a duas tragédias: ao sequestro — a cabeça dela ficou sob a mira da arma de Sandro — e a um derrame sofrido dentro do coletivo. Como resultado do AVC (Acidente Vascular Cerebral), ela ficou anos sem falar. Desde que aconteceu a tragédia, é a primeira vez que ela vem a público contar sua versão do sequestro. A moradora da Rocinha, que considerava Geísa sua segunda filha, relembrou em entrevista ao JR detalhes do sequestro, como a conversa com Sandro no ônibus, e o momento em que ele ficou ainda mais violento. — Toda a transformação dele foi na hora que ele botou aquele pano no rosto. Quando ele botou aquele pano no rosto, acabou! Aquela pessoa que contou a vida não existia mais, existia uma outra personalidade. Um homem desequilibrado, que só queria saber de tortura e dizer que ia matar.Relembre o caso O ônibus da linha 174 (Gávea x Central) foi sequestrado por volta das 15h do dia 12 de junho de 2000 na rua Jardim Botânico, zona sul. Na ocasião, os passageiros do veículo foram feitos reféns por Sandro do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária. Dez pessoas ficaram sob poder de Sandro por cerca de quatro horas. Durante esse tempo, o sequestrador atirou contra o para-brisa do ônibus e obrigou uma passageira a escrever mensagens para que os policiais e a imprensa lessem. No sequestro, Sandro não aceitou negociar com a polícia e simulou o assassinato de uma das reféns. Por volta das 19h, Sandro desceu do coletivo usando Geísa Gonçalves como escudo para evitar ser atingido por oficiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais). O soldado Marcelo Oliveira dos Santos disparou com a intenção de atingir o sequestrador, mas o tiro feriu Geísa. Assustado, Sandro disparou contra a professora, que morreu a caminho do hospital. Sandro foi morto por asfixia dentro do camburão da Polícia Militar. Em 2002, três policiais militares foram absolvidos da acusação de homicídio contra Sandro. Em 2011, o pai de Geísa, Gilson Gonçalves, concedeu entrevista ao R7. Na ocasião, Gonçalves afirmou que no dia em que ocorreu o sequestro do ônibus 174 ele viu na televisão — o caso foi transmitido ao vivo em cadeia nacional por diversas redes de TV — muito rapidamente. Somente no dia seguinte soube que a mulher morta era sua única filha. — Uma sobrinha chegou a me telefonar, mas na época não tinha celular, não estava em casa para atender às ligações. A reconheci só no jornal no dia seguinte. Achei que fosse ficar louco [com a notícia]. Geósa saiu de Fortaleza para ir atrás de um namorado, segundo o pai. Ao chegar ao Rio, ela descobriu que o rapaz já estava com outra. Mesmo após a decepção amorosa, ela resolveu ficar e dava aulas de artesanato no Rio.