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Pão de Açúcar: 'Não se pode estimular turismo colocando em risco patrimônio mundial', diz juiz

Instalação de tirolesa foi suspensa pela 20ª Vara Federal do Rio. Justiça avaliou possível dano ao recurso ambiental 

Rio de Janeiro|Do R7

Pão de Açúcar é patrimônio mundial reconhecido pela Unesco
Pão de Açúcar é patrimônio mundial reconhecido pela Unesco

"Não se pode estimular ou incrementar o turismo colocando em risco a higidez de um monumento natural". Foi sob esse argumento que o juiz Paulo André Espírito Santo Bonfadini, da 20ª Vara Federal do Rio, suspendeu a instalação de uma tirolesa no Pão de Açúcar, patrimônio mundial reconhecido pela Unesco.

Ao barrar o projeto, o magistrado apontou a "irreversibilidade" de possível dano a recurso natural não renovável, além de "impacto na geomorfologia".

"Impossível dimensionar o prejuízo que arcaria o Brasil em virtude de possível abalo na estrutura do Pão de Açúcar ou por eventual acidente ocasionado pela tirolesa", ressaltou, em despacho assinado no dia 1º, a pedido do Ministério Público Federal.

A Procuradoria acionou a Justiça contra a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, destacando que, entre 15 de setembro de 2022 e 6 de fevereiro de 2023, a empresa 'mutilou a rocha do morro do Pão de Açúcar, sem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e da Geo-Rio, com o objetivo comercial de instalar uma "tirolesa" entre este morro e o morro da Urca.


A ação pede que a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar recupere a área degradada e ainda pague R$ 50 milhões por danos morais, valor a ser revertido ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

Ao analisar o pedido da Procuradoria, o juiz da 20ª Vara Federal do Rio, entendeu que a empresa iniciou os cortes e as perfurações dos morros da Urca e do Pão de Açúcar antes mesmo da apresentação de Projeto Executivo perante o Iphan.


"Foram feitas perfurações de grande porte no Morro Pão de Açúcar — sim, perfurações! —, não se sabendo ao certo quanto de dano isso pode causar à higidez da pedra. E mais: antes que houvesse qualquer autorização do Iphan. Basta ver que as obras começaram em setembro de 2022 e a autorização formal só veio em janeiro de 2023", anotou o magistrado.

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O juiz levou em consideração, entre outros pontos, que o Pão de Açúcar é patrimônio mundial reconhecido pela Unesco - "de modo que sua modificação ou acréscimo de área construída pode afetar a caracterização do monumento tal como é reconhecido atualmente na organização internacional".

"A esse respeito, eventual dano ao patrimônio (dano na pedra) é algo irreversível. Impossível dimensionar o prejuízo que arcaria o Brasil em virtude de possível abalo na estrutura do Pão de Açúcar ou por eventual acidente ocasionado pela tirolesa".

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