PF apreende US$ 886 mil em esquema de contrabando no Galeão
Ação combate tráfico de drogas e furto de bebidas no aeroporto
Rio de Janeiro|Do R7
Carros de luxo e US$ 886 mil foram apreendidos em endereços de alvos da Operação Rush, deflagrada nesta terça-feira (19), contra tráfico de drogas e furto de bebidas no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
Segundo a Polícia Federal, o esquema, que operava de dentro das aeronaves em pouso, foi desarticulado na maior operação policial realizada naquele aeroporto. A corporação cumpriu 23 mandados de prisão contra funcionários do aeroporto e dois contra servidores da Receita Federal.
Em três endereços diferentes, foram encontrados US$ 74 mil, US$ 807 mil e US$ 5 mil em espécie. A PF ainda diz ter apreendido diversos veículos.
Segundo a polícia, foram identificados três grupos, capitaneados por um ex-funcionário do Galeão, responsável por recrutar os demais membros do bando. Ele era auxiliado por seu pai, que ainda trabalhava no Aeroporto Internacional do Rio.
"O primeiro grupo criminoso em atuação no Galeão era responsável pelo embarque de malas recheadas de cocaína em aviões com destino ao exterior, burlando a fiscalização policial e alfandegária. Para tanto, contava com o auxílio de funcionários com acesso a área restrita do aeroporto, os quais eram incumbidos de colocar malas em voos internacionais sem que as mesmas sofressem qualquer espécie de inspeção", afirmou a PF.
A corporação disse, ainda, que a droga pertencia a dois estrangeiros, um albanês e um romeno, e ficava armazenada em um galpão localizado no Mercado São Sebastião, na Penha, zona norte do Rio, onde era preparada em malas para o embarque. Depois, era transportada até o aeroporto, preferencialmente por meio de um táxi, pois a quadrilha considerava que assim seria menor o risco de o veículo ser parado em uma blitz.
A PF informou que, no balcão de check-in, funcionários da companhia aérea providenciavam a duplicação irregular de etiquetas de bagagem despachadas por outros passageiros, inocentes, e que não pertenciam à quadrilha. Eles providenciavam o despacho com o objetivo de garantir a entrada das malas na área restrita, simulando destinação para voo doméstico.
"Operadores de rampa, integrantes do grupo criminoso, ao identificarem a bagagem contendo a substância entorpecente, deixavam de colocá-las no contêiner do voo doméstico, desviando as mesmas para contêineres de malas que ingressariam em voo internacional. Outra forma de acesso da cocaína era pela área de apoio do aeródromo."
Dentro das investigações, a maior apreensão de cocaína da história do Galeão foi em setembro deste ano e contabilizou mais de 300 kg da droga.
A PF afirma que o segundo esquema visava o desembarque de malas procedentes do exterior, sem que as mesmas fossem submetidas à fiscalização prévia. Na maior parte das vezes, a bagagem era retirada pelos operadores de esteira do desembarque internacional e posteriormente desviada para a esteira do desembarque doméstico, no intuito de evitar a fiscalização alfandegária e o consequente pagamento do tributo devido.
Segundo a polícia, quando o passageiro passava pelo canal de inspeção da Receita Federal, em geral portava apenas bagagens de mão. Após a ação dos operadores de bagagens, as malas eram retiradas por um funcionário da companhia aérea no interior do setor de desembarque doméstico (esteira para retirada de bagagens) e entregue ao passageiro no saguão do aeroporto ou até mesmo na calçada exterior do aeroporto.
Os investigadores afirmam que funcionários do Galeão se encontravam com passageiros participantes do esquema ainda na porta da aeronave, e os acompanhavam até o canal aduaneiro, onde um servidor da Receita Federal liberava as malas que passavam pelo raio-x, mesmo que identificasse mercadoria entrando de forma irregular sem recolhimento dos tributos e taxas legais. Esse servidor foi flagrado durante as investigações recebendo propina para liberar mercadorias.
"Já o último núcleo criminoso atuava subtraindo, com frequência diária, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas do interior das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de refeições realizavam o furto, levando as garrafas para áreas conhecidas como pontos cegos, onde era feita a triagem. O esquema mostrou-se bem estruturado, contando também com auxílio de membros de empresas com trânsito livre na pista do Galeão, responsáveis por retirar a mercadoria furtada das dependências do aeroporto."
Agentes de portaria e segurança também eram cooptados para fazer "vista grossa" na saída das bebidas, as quais eram, posteriormente, vendidas para receptadores predefinidos. Em setembro, a PF realizou a prisão de dois funcionários do aeroporto e de um receptador. Segundo a polícia, foram apreendidas cerca de 2.715 garrafas de bebidas, veículos e dinheiro.
Policiais federais cumpriram 36 mandados de prisão preventiva, um mandado de condução coercitiva e 36 de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro nos bairros: Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca, Campo Grande Ramos, Ilha do Governador, Olaria, Bonsucesso, Saúde, Inhaúma, Praça Seca, Tomás Coelho, Magalhães Bastos, Vaz Lobo, Bangu e Jacarepaguá, todos na capital fluminense; e também nos municípios de Queimados/RJ, Belford Roxo/RJ, Angra dos Reis/RJ e São Paulo/SP.
Defesa
Em nota, a concessionária o RIOgaleão afirmou que "desde o início de sua atuação, em 2014, o RIOgaleão apoia as investigações e ações da Polícia Federal e demais órgãos públicos para coibir atos ilícitos no Aeroporto Internacional Tom Jobim, onde atuam mais de 15.000 funcionários de 650 empresas. A concessionária não tolera práticas que descumpram qualquer procedimento operacional e de segurança e possui rigorosos processos de prevenção de ilícitos."
"O investimento de mais de R$ 35 milhões em modernização e desenvolvimento de um novo sistema integrado de segurança e informações resulta em uma infraestrutura que vem contribuindo para o sucesso do trabalho da Polícia Federal e demais órgãos públicos no aeroporto, proporcionando à sociedade um terminal mais seguro e eficiente", acrescentou o comunicado.