O policial militar que atirou e matou o vendedor de balas Hiago Macedo de Oliveira Bastos, de 21 anos, na estação das Barcas em Niterói, região metropolitana do Rio, vai responder por homicídio doloso qualificado por motivo fútil. O agente está preso na Unidade Prisional da corporação.
Hiago será enterrado no Cemitério do Maruí, em Niterói, às 14h desta terça-feira (15).
De acordo com a PM, o agente de folga teria presenciado uma tentativa de roubo na Praça Arariboia. Ao intervir, o homem teria "investido contra a integridade" do policial, que atirou contra ele.
No entanto, testemunhas contradizem a versão da PM. Um homem que se apresentou como primo da vítima disse que ele tentou abordar uma pessoa para vender balas e ela o teria chamado de ladrão e, em seguida, um agente que passava pelo local teria entrado na discussão e acabou atirando contra o vendedor.
A morte do vendedor de balas gerou protestos de pessoas que estavam perto da estação das barcas. Agentes do Corpo de Bombeiros, da PM e da Guarda Municipal estavam no local. Agentes utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
'Brutalmente assassinado'
Thais Conceição dos Santos, esposa de Hiago, disse que o marido foi assassinado brutalmente.
Com a caixa de balas do jovem nas mãos, a mulher esteve na Delegacia de Homicídios de Niterói e mostrou o dinheiro que ele havia conquistado com as vendas.
Segundo Thais, o marido saía cedo de casa na comunidade Boa Vista, todos os dias, para trabalhar e sustentar a família.
"Trabalhador e honesto, não mexia em nada de ninguém. Ele foi buscar o sustento. Saiu de casa para trabalhar e não voltou. Ele foi brutalmente assassinado", disse.
A esposa da vítima contou ainda que o filho dela, de 14 anos, presenciou o ocorrido. Segundo o adolescente, o padrasto ofereceu a bala para uma pessoa na bilheteria das barcas, que reagiu com ignorância. Durante a discussão, o PM teria empurrado o vendedor contra a parede e sacado a arma.
A esposa negou que o rapaz estivesse armado. Ela confirmou que o marido teve passagens pela polícia quando era menor de idade. Mas, atualmente, não tinha problemas com a Justiça.
Hiago deixa uma filha de quatro anos. Segundo parentes, ele estava juntando dinheiro para pagar a festinha da criança.
"Minha família está desmoranoda, minha filha sem pai, acabou a festa da minha filha", desabafou Thais.