Presidente da Câmara de Japeri se entrega à polícia
Prefeito Carlos Moraes e vereador Cacau já estavam presos; trio é acusado de usar cargos políticos para favorecer tráfico de drogas
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*
O presidente da Câmara de Vereadores de Japeri, na Baixada Fluminense, se apresentou na DH-Capital (Delegacia de Homícidios da Capital), na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (30). Wesley George de Oliveira (PP), o Miga, era considerado foragido. Vereador mais votado no município nas eleições de 2016, o parlamentar é suspeito de associação com o tráfico de drogas.
O prefeito da cidade, Carlos Moraes (PP), e o vereador Claudio José da Silva (PP), o Cacau, são acusados na mesma ação. A dupla já havia sido presa na Operação Sênones, na última sexta-feira (27).
O Portal dos Procurados chegou a divulgar, no último sábado (28), um cartaz oferecendo a recompensa de R$ 2 mil para quem tivesse informações que levassem à prisão de Miga. O vereador será transferido para o presídio Benfica.
Com as prisões, o vice-prefeito César Melo (PSB) assumiu a prefeitura da cidade e o vereador Alex dos Santos (PSL) passa a ocupar a presidência da Câmara.
Denúncia
Segundo o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), o prefeito e os vereadores se aproveitavam de seus cargos para atuar em favor dos interesses de traficantes do Complexo do Guandu.
“Os políticos valiam-se de seus mandatos para repassar informações privilegiadas e para articular ações integradas que permitissem ao bando desenvolver livremente suas atividades ilícitas. A denúncia descreve que o uso do prestígio político deles não se limitava à prática de atos de persuasão junto a outras autoridades, tendo sido detectados indícios de fraudes em licitações e desvios de dinheiro público em favor dos interesses da organização criminosa”, escreveu o MPRJ.
Além dos políticos e de uma assessora da prefeitura, 37 suspeitos foram denunciados por integrarem a mesma facção criminosa, sob a liderança de “BR" — preso em uma operação do GAECO/MPRJ (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) com a Polícia Militar no último dia 20 de julho.
Escutas autorizadas pela Justiça flagraram ligações telefônicas entre o prefeito e BR. Em uma das conversas, BR liga para o político pedindo ajuda para pôr fim à uma operação policial que estaria impedindo a realização de um baile funk promovido pelos traficantes da localidade.
A partir de então, as investigações descobriram que Moraes, Miga e Cacau se associaram ao tráfico de drogas local.
Carlos Moraes foi eleito no primeiro turno das eleições de 2016, assumindo o cargo pela terceira vez. Já Miga foi o vereador mais votado, com 1501 votos. Cacau recebeu 601 votos que lhe renderam o décimo lugar na última eleição.
O R7 tenta contato com os advogados de defesa dos suspeitos, mas ainda não os encontrou. O espaço está aberto para a manifestação dos investigados.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Odair Braz Jr.