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Protesto contra morte de Marielle reúne 2.000 pessoas na Maré

Ato deste domingo (18) começou na Favela do Pinheiro, uma das que integram o complexo, e seguiu pela Linha Amarela até a avenida Brasil

Rio de Janeiro|Fabíola Perez, enviada especial do R7 ao Rio de Janeiro

Faixa em memória de Marielle e Anderson em manifestação na Maré, no Rio de Janeiro
Faixa em memória de Marielle e Anderson em manifestação na Maré, no Rio de Janeiro Faixa em memória de Marielle e Anderson em manifestação na Maré, no Rio de Janeiro

Em ato na Maré (zona norte do Rio de Janeiro) que contou com cerca de 2.000 pessoas, segundo a organização, moradores da região, amigos e colegas do partido protestaram contra a morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Pedro Gomes, ocorrida na quarta-feira (14) no bairro do Estácio, região central da cidade.

Os manifestantes seguiram em passeata pelas ruas da comunidade onde nasceu a vereadora. Eles começaram o ato às 14h deste domingo (18).

Manifestantes percorrem ruas do Complexo da Maré
Manifestantes percorrem ruas do Complexo da Maré Manifestantes percorrem ruas do Complexo da Maré

A concentração ocorreu na Favela Vila do Pinheiro, uma das favelas que integram o Complexo da Maré. Na concentração estavam presentes moradores da Maré, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) e a namorada da vereadora, Monica.

"Ela almejou estar nesse lugar. Basta de preconceito. Mexeu com uma mexeu com todas", diziam as organizadoras no carro de som. O ato percorreu a Linha Amarela, que corta o Complexo da Maré, com destino a avenida Brasil.

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Segundo os moradores da favela, a escolha do trajeto foi simbólica. "Os moradores da Maré também tem acesso à cidade", diziam em meio a buzinas de motoristas na avenida.

Manifestantes gritavam palavras de ordem contra a intervenção federal e pediam justiça para as mortes de Marielle e Anderson.

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A caminhada foi marcada pela presença de mulheres líderes comunitárias. Durante todo o trajeto, as lideranças cantavam "Marielle e Anderson presentes, hoje é sempre", "Deixem a mulher preta falar". As organizadoras pediram também que moradores que assistiam ao ato de suas casas se juntassem a elas nas ruas. O trajeto percorrido, da Vila dos Pinheiros até a praça do Parque União, onde a manifestação se encerrou, é de 3,5 km.

O ato que homenageou Marielle e Anderson neste domingo (14) foi organizado por associações de moradores da comunidade e pela ONG Redes da Maré. “A manifestação trouxe à tona todas as bandeiras que Marielle representava”, afirmou Mônica Cunha, uma das mulheres presentes na caminhada. “Marielle tinha na pele e no corpo todas essas lutas.”

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A trajetória de Marielle, segundo Mônica, é repleta de simbologias. “Ela saiu da favela e virou vereadora. Mas não se tornou qualquer vereadora. Ela foi a quinta mais votada [da cidade] em um país racista e onde negros não ocupam lugar de destaque”, diz. “Esse simbolismo explica porque o ato foi liderado por mulheres.”

“Ela saiu da favela e virou vereadora. Mas não se tornou qualquer vereadora. Ela foi a quinta mais votada [da cidade] em um país racista e onde negros não ocupam lugar de destaque”

(Mônica Cunha, que participou da passeata)

Os manifestantes também se posicionaram contra a intervenção militar, decretada pelo presidente Michel Temer, há um mês. “Sabemos que essa intervenção não vai cobrir todo o Estado. Ela tem CEP, cor e local. Conhecemos a mão do Estado e a mão da polícia. Por isso dizemos não à intervenção.”

Grafite de Marielle na Maré
Grafite de Marielle na Maré Grafite de Marielle na Maré

A caminhada não se restringiu às favelas do Complexo da Maré. Em diversos momentos, manifestantes contornaram a Linha Amarela, que cruza a comunidade. “O favelado não pode andar, tem o direito de ir e vir restrito. Mostramos que podemos transitar por vários lugares.”

A ideia de alguns amigos e de pessoas que trabalharam com Marielle, segundo a militante Mônica, é continuar cobrando investigações e organizando atos. “Não podemos parar. Essa manifestação deixou claro que a voz dela está ecoando. Seguiremos até conseguirmos justiça”, diz. “Mataram, Marielle, mas nasceram várias em todas nós.”

Pelas ruas das comunidades que formam a Maré era possível ver pinturas, grafites e inscrições em homenagem à vereadora. Em meio à avenida Brasil, por exemplo, onde o acesso se dá quase que exclusivamente por meio de veículo havia o rosto de Marielle desenhado nas estruturas metálicas. Em outro ponto, na favela Parque União, um morador coloria o rosto de Marielle em roupas que faziam alusão ao personagem da Mulher Maravilha. Nos viadutos, viam-se faixas com os dizeres: "Marielle, presente", "Marielle, gigante" e "deixem os favelados viverem."

Militante e defensora dos direitos humanos, a vereadora com frequência denunciava abusos policiais na cidade do Rio. No sábado (10), Marielle publicou no Facebook que "o 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari [zona norte]".

Uma semana antes, no dia 3 de março, a vereadora criticou a intervenção federal no Rio de Janeiro. "Uma política de Segurança Pública ineficaz, desumana, violenta e cara. Aprofundar esse tipo de política com a Intervenção Federal é piorar ainda mais esse quadro", publicou Marielle.

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