Quinta vereadora mais votada do Rio é assassinada após evento
Marielle Franco tinha forte atuação na área de direitos humanos e foi morta quando voltava de um encontro de mulheres no centro da cidade
Rio de Janeiro|Márcio Neves e Kaique Dalapola, do R7
A vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista foram mortos a tiros na noite desta quarta-feira (14), no centro do Rio de Janeiro.
Pouco antes do crime, Marielle transmitiu no Facebook sua participação no evento "Jovens Negras Movendo Estruturas", organizado por ela na Casa das Pretas, no bairro da Lapa (centro da cidade).
Apuração da Record TV Rio aponta que homens em um carro ainda não identificado fizeram uma série disparos e fugiram em seguida.
Militante e defensora dos direitos humanos, a vereadora usava com frequência as redes sociais para denunciar abusos policiais na cidade do Rio.
No último sábado (10), Marielle publicou no Facebook que "o 41º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari [zona norte]".
Uma semana antes, no dia 3 de março, a vereadora criticou a intervenção federal no Rio de Janeiro. "Uma política de Segurança Pública ineficaz, desumana, violenta e cara. Aprofundar esse tipo de política com a Intervenção Federal é piorar ainda mais esse quadro", publicou Marielle.
O partido da vereadora emitiu uma nota (íntegra abaixo) de pesar e disse que "a atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL".
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), também lamentou a morte da vereadora e disse que a "honradez, bravura e espírito público [de Marielle] representava com grandeza inigualável as virtudes da mulher carioca". Veja a publicação:
Nas redes sociais, Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador da Segurança Pública do RJ, destacou que a vereadora passou a última semana denunciando possíveis violações da PM praticadas no Acari e disse que "faltam palavras para expressar o horror".
O R7 teve acesso a imagens dos corpos da vereadora e do motorista: os dois foram baleados na cabeça. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios.
Quem era Marielle
A vereadora do PSOL era socióloga, formada na PUC-Rio, e tinha mestrado em Administração Pública pela UFF (Universidade Federal Fluminense). Ela foi eleita vereadora do Rio de Janeiro com 46.502 votos, sendo a quinta vereadora mais votada na eleição de 2016.
Ela também havia coordenado a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e decidiu atuar na defesa dos direitos humanos após perder uma amiga, vítima de bala perdida, em um tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré.
Nota do PSOL
"O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!"