Na porta de casa, no carro dos pais ou na escola, no Rio lugares comuns se tornam palco de tragédias. Nos últimos dez anos, ao menos 44 crianças foram mortas a tiros no estado, de acordo com um levantamento feito pela ONG Rio de Paz.
Apenas na cidade do Rio, 33 menores, entre 0 e 14 anos, perderam a vida desde 2007. As vítimas mais recentes são Emily Sofia, de 3 anos, e Jeremias Moraes da Silva, de 13. A menina foi alvejada dentro do carro da família, Jeremias morreu na porta de casa. Entre os dois um intervalo de 12 horas e 22 km de distância.
Pai, mãe e a pequena Emily, que será enterrada nesta quarta-feira (7), foram baleados em uma tentativa de assalto em Anchieta, zona norte da cidade. A família voltava para casa, quando o carro foi abordado por criminosos. Eles anunciaram o assalto, mas o pai da menina, que dirigia o veículo, não teria ouvido a ordem de parada. Ao acelerar, diversos disparos perfuraram o automóvel.
A criança chegou a ser socorrida por policiais à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu e faleceu na unidade. O pai passou por cirurgia e continua internado no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste. Já a mãe, ferida de raspão, deixou a unidade sem receber alta.
Algumas horas após a morte da menina, Jeremias da Silva foi atingido no peito no Complexo da Maré, também na zona norte da cidade. O menino saia para jogar futebol quando ficou no meio do fogo cruzado entre policiais e criminosos.
Jeremias chegou a ser levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, mas o adolescente já chegou morto à unidade, segundo informações da SMS (Secretaria Municipal de Saúde).
Morador da Maré, ele é a segunda criança morta no conjunto de favelas em menos de um ano. Em fevereiro passado, Fernanda Caprica, de 7 anos, foi alvejada enquanto brincava dentro de casa no Parque União.
Apenas em 2017, dez crianças foram mortas. Destes, quatro estavam dentro de casa; duas no carro dos pais, outras duas brincavam em parques e praças; uma estava no pátio de uma escola; e a outra morreu um mês após ser atingida no útero da mãe.
*Sob supervisão de PH Rosa