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RJ: mulher trans é agredida por grupo de homens em Niterói

Segundo Lua Guerreiro, agressão começou com dono de barraca onde ela pediu um isqueiro; jovem prestou depoimento e fez exame de corpo de delito

Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7

Lua Guerreiro foi agredida em Niterói
Lua Guerreiro foi agredida em Niterói Lua Guerreiro foi agredida em Niterói

Uma jovem transgênero foi agredida na região da Cantareira, em Niterói, região metropolitana do Rio, no último domingo (24).

Em um relato publicado nas redes sociais, Lua Guerreiro, de 24 anos, disse que vários homens bateram nela e chegaram a quebrar uma cadeira em sua cabeça. Junto ao texto, a menina publicou um vídeo em que afirma que foi alvo de transfobia (discriminação contra transgêneros).

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De acordo com Lua, as agressões começaram após ela pedir um isqueiro a um vendedor. O homem teria destratado a jovem, que não se calou. O ambulante teria iniciado as agressões físicas e outros homens se juntaram a ele para bater em Lua.

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Lua também contou que alguns policiais que a atenderam fizeram piadas e que na delegacia teve que esperar ao lado dos homens que a agrediram.

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“Tive que ficar na delegacia ao lado de alguns dos meus agressores, intactos, rindo, descontraídos, enquanto eu e minhas amigas — traumatizadas, sujas do meu sangue pelo corpo inteiro — sentávamos lá esperando por horas pra prestar nosso depoimento (que, por fim, decidimos fazer no dia seguinte dado a toda exaustão física e mental extremamente presentes)”, escreveu.

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Procurada pelo R7, a Polícia Civil informou que o caso de Lua foi registrado na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), e que ela prestou depoimento e foi encaminhada para exame de corpo de delito. Testemunhas também foram ouvidas e os agentes buscam imagens de câmeras de segurança. Entretanto, a corporação não se posicionou sobre a postura dos policiais apontada pela vítima.

A jovem também relatou que uma enfermeira do Hospital Estadual Azevedo Lima fez piada com seu nome social e a tratou pelo gênero errado. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde disse que “repudia qualquer tipo de intolerância nas suas unidades e que a nova gestão tem como uma de suas principais metas a humanização durante o atendimento. A SES informa que irá apurar com rigor a denúncia e agir de forma exemplar com todos os funcionários envolvidos”.

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Lua terminou o relato afirmando que vai lutar por Justiça.

“Tenho medo pela minha vida, tenho medo pela vida de minhas iguais e, cada dia mais, minha sede de justiça se torna mais forte e necessária.”

Veja o relato da jovem:

Fui agredida. Mas, não somente. Sofri uma tentativa de homicídio. Vários homens cis me batendo de forma covarde, suja e baixa como sabemos que fazem. Quebraram uma cadeira na minha cabeça. Me derrubaram por trás várias vezes pra ser um alvo mais fácil. Fui espancada. Sangrei da cabeça aos pés. Por nada (não que haja algo que justifique qlqr coisa parecida). Somente por pedir um isqueiro e não ficar calada ao ser destratada por um vendedor da cantareira que se recusou a me ajudar. Fui agredida por vários homens cis. Homens cis esses que nem estavam envolvidos, mas viram uma oportunidade de bater em alguém que representa algo que eles não conseguem lidar e deixaram Claro que não querem lidar. Nesse momento ainda me vejo em choque tentando entender o motivo... tentando procurar, de alguma forma, um sentido em tudo isso, mas sei bem que se eu fosse uma branca cisgenera não estaria voltando pra casa com a cabeça enfaixada, toda ensanguentada e com um sentimento de insegurança constante. Tenho medo pela minha vida, tenho medo pelo vida de minhas iguais e, cada dia mais, minha sede de justiça se torna mais forte e necessária. Fui mal tratada por alguns policiais que fizeram piadas. No hospital Azevedo Lima, uma enfermeira fez piadas com meu nome social, me tratou no gênero errado e discutiu com minhas amigas que tentaram me defender. Tive que ficar na delegacia ao lado de alguns dos meus agressores, intactos, rindo, descontraídos enquanto eu e minhas amigas -traumatizadas, sujas do meu sangue pelo corpo inteiro- sentavamos lá esperando por horas pra prestar nosso depoimento (que, por fim, decidimos fazer no dia seguinte dado a toda exaustão física e mental extremamente presentes). Mais uma vez o cistema provando que se protege. Nós ensaguentadas, enfaixada, chorando. Eles intactos, rindo. Nada foi feito. NAO ACEITO VIVER ASSIM, NÃO ACEITO VIVER COM MEDO, NÃO ACEITO QUE FIQUEM IMPUNE QUEM ACHA QUE NOSSAS VIDAS SÃO DELES PRA TIRAR. NAO ACEITO MORRER :( E NAO ACEITO QUE ISSO PASSE BATIDO. QUEM INCITOU E AJUDOU NA MINHA AGRESSÃO FOI UM DONO DE BARRAQUINHA DA CANTAREIRA. O MÍNIMO QUE QUERO É QUE ELE NUNCA MAIS TENHA DIREITO A VENDER NADA MAIS LÁ, MAS VOU ATE O FIM PRA VER ESSE PSICOPATA ATRÁS DAS GRADES. Conto com a ajuda de quem puder pra fazer isso não passar batido. Como eu, houveram várias, mas farei meu máximo para que pare por aqui. NÓS NÃO MERECEMOS ISSO, NINGUÉM MERECE! Que seja feita a justiça dos homens, dos orixás e das travestis. VÃO PAGAR! Toda essa exposição é mto delicada e me coloca em um lugar muito vulnerável e humilhante. Pois bem, essa é a vida de quem é trans no Brasil. É bom que saibam.

Posted by Lua Guerreiro on Sunday, February 24, 2019

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