'Sentimento de injustiça', diz mãe de vítima de atropelamento após decisão de soltar Bruno Krupp
João Gabriel, de 16 anos, morreu após ter sido atingido pela moto do modelo, na orla do Rio, em julho do ano passado
Rio de Janeiro|Do R7, com Felipe Batista, da Record TV Rio
A mãe do adolescente que morreu após ter sido atropelado por Bruno Krupp, em julho do ano passado no Rio, fez um desabafo, nesta quarta-feira (29), após a decisão da Justiça de mandar soltar o modelo, que deixou a cadeia no início desta tarde.
"É muito difícil mesmo [o dia de hoje]. Não tem um dia que seja mais fácil. A diferença é que tento fazer melhor, continuar, mas é um sentimento de muita injustiça. Meu filho não volta, não tem medida cautelar para mim, não tem relaxamento de prisão para mim. É uma prisão eterna não ter o seu filho mais na sua vida. Ninguém faz ideia de como seja difícil isso para continuar sobrevivendo. E, talvez, em cima disso tudo, as pessoas acabem tomando decisões que, de alguma forma, façam sentido para elas. Mas não faz o menor sentido para mim. O preço foi muito alto para mim. Não tem nenhuma sentença que tire essa dor do meu coração", disse Mariana Lima em entrevista à Record TV Rio.
Oito meses após o acidente, Mariana contou que continua precisando de calmantes e ainda não conseguiu retornar para a própria casa. Ela contou que fica muito emocionada sempre que precisar ir ao imóvel onde morava com o filho único.
Logo após a morte de João Gabriel, Mariana afirmou que não guardava ressentimentos de Bruno, mas que desejava que a justiça fosse feita. Hoje, ela, que atua como assistente de acusação no processo, disse que o sentimento é o mesmo.
"Continuo não sentindo nenhum tipo de ódio, só desejo que seja feita a justiça. Que outras mães não chorem o meu choro, não venham a sentir essa dor. Essa dor é incurável. Não há juiz, não há ninguém no mundo que consiga tirar de dentro de uma mãe a dor de ter que enterrar o seu filho. Era só isso que eu queria, que nenhuma mãe sofresse isso. Será que ele vai ter responsabilidade daqui para frente? Porque ele não teve antes".
Soltura de Bruno Krupp
O STJ concedeu um habeas corpus a Bruno Krupp por considerar que o modelo não tem antecedentes criminais, apresenta bom comportamento e foi inocentado de outros processos que respondia, um deles por estelionato.
A partir de agora, Bruno terá de cumprir medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, mas vai responder em liberdade pela acusação de homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.
Na primeira audiência do caso, ele admitiu que conduzia a sua motocicleta em alta velocidade quando atingiu o adolescente João Gabriel, de 16 anos, na orla da Barra da Tijuca. As investigações apontaram também que o modelo não tinha habilitação.