Vereadora assassinada denunciava atuação de Batalhão em Acari
Marielle Franco publicou denúncias sobre abusos e violência do 41º BPM em redes sociais; unidade de Irajá é recordista em mortes no Estado
Rio de Janeiro|Jaqueline Suarez, do R7*
Quatro dias antes de ser assassinada, a vereadora Marielle Franco (PSOL) fez denúncias contra o Batalhão de Irajá (41ºBPM) em seu perfil nas redes sociais. Na publicação, ela diz que a unidade estava "aterrorizando e violentando moradores de Acari", comunidade na zona norte do Rio de Janeiro.
A postagem faz referência à denúncia publicada pelo Coletivo Fala Akari, no último sábado (10). O perfil publicou um texto denunciado abusos cometidos pelo 41º BPM durante uma operação policial.
Na ação, policiais teriam atirado indiscriminadamente, deixando “moradores na linha de tiro”. Eles relatam ainda que os agentes “quebraram portões de moradores. Invadiram muitas casas sem o menor critério e fotografaram identidade de moradores”.
A publicação foi compartilhada por Marielle, que destacou: “O 41° batalhão é conhecido como Batalhão da Morte”. Em outra publicação também sobre os casos de violência em Acari, ela comenta que dois jovens foram encontrados mortos em um valão da comunidade, na semana passada.
A Polícia Militar foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu ao contato até a publicação desta reportagem.
A unidade responsável pelo patrulhamento na favela de Acari é o batalhão com maior número de mortes por intervenção policial no estado. Nos últimos cinco anos, 430 pessoas foram mortas em ações policiais do 41º BPM, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública). No mesmo período, sete policiais da unidade foram mortos em serviço.
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Os números de mortes registrados nas ações do Batalhão apresentaram queda após a morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos. A menina foi baleada no pátio de uma escola durante operação policial, no dia 30 de março de 2017. As investigações concluíram que os disparos que atingiram a menina partiram da arma de um policial. Dois agentes foram condenados pelo crime.
No mês seguinte à morte da estudante, a unidade não registrou nenhuma morte por intervenção policial. Os números mensais por batalhão começaram a ser contabilizados pelo ISP em janeiro de 2011, desde então a unidade de Irajá nunca havia zerado a estatística de morte em incursões policiais.
Veja a reportagem:
*Estagiária do R7, sob supervisão de Raphael Hakime