Witzel classifica como legítima ação da PM que deixou 13 mortos no Rio
Governador disse que agentes agiram para "defender cidadãos de bem". Moradores sustentam que rapazes foram torturados e executados
Rio de Janeiro|Rayssa Motta, do R7*
Em vídeo publicado no Twitter, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), classificou como legítima a operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que deixou 13 mortos nas comunidades da Coroa, Fallet e Fogueteiro e dos Prazeres, em Santa Teresa e no Catumbi, na última sexta-feira (8).
Ao lado do secretário de Polícia Militar, coronel Rogério Figueiredo, o governador voltou a defender o abate de pessoas vistas portando armas de grosso calibre.
“Nossa Polícia Militar agiu para defender o cidadão de bem. Não vamos mais admitir qualquer bandido usando armas de fogo, de grosso calibre, fuzis, pistolas, granadas, atentando contra a nossa sociedade. Vamos continuar agindo com rigor”, disse.
O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) também saiu em defesa da corporação. Na última segunda-feira (11), o parlamentar pediu à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) uma "moção de congratulação e aplausos ao Bope pela irrepreensível e impecável ação". O resultado de 13 mortes e 11 prisões foi classificado como “ótimo”.
Moradores contestam versão da PM
Na última terça-feira (12), a Defensoria Pública do Estado esteve na comunidade do Fallet para conversar com moradores e familiares das vítimas.
Na reunião, aberta à imprensa, a versão inicial da Polícia Militar, de que as mortes teriam acontecido durante confronto armado, foi contestada.
De acordo com a população local, nove dos mortos estavam em uma casa. Os agentes chegaram ao local e, em vez de fazer as prisões, teriam torturado e executado os suspeitos.
Nos relatos, moradores disseram que, primeiro, os rapazes foram baleados em pontos não vitais. “Atiraram para não morrer e depois fizeram sofrer pra morrer”, contou uma moradora.
Em seguida, sofreram agressões, facadas no peito e na barriga, e foram mortos. “A pena de morte existe no Brasil, mas sem julgamento”, completou.
Outros comportamentos dos agentes foram criticados pelos moradores, como disparos a esmo, ameaças, invasões de propriedade e bloqueios na saída da comunidade.
A assessoria de Imprensa da Polícia Militar disse que instaurou inquérito policial para apurar a conduta dos agentes e que o caso foi registrado na Delegacia de Homicídios, instância responsável pelas investigações.
A corporação disse também que a operação foi planejada para intervir em uma guerra entre facções rivais, que disputam o controle de território naquela região, "tendo como principal preocupação a preservação de vidas". Ainda segundo a PM, o confronto foi iniciado pelos suspeitos, que foram encontrados feridos após o cessar-fogo.
Já a Polícia Civil afirmou que testemunhas e familiares estão sendo ouvidos e a unidade aguarda o resultado dos laudos periciais.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Marcos Sergio Silva