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Ação contra supostos líderes do PCC tem quatro presos e um morto

Operação Sharks foi deflagrada na manhã desta segunda-feira (14) no estado de SP para cumprir 40 mandados de busca e 12 de prisão 

São Paulo|Isabelle Gandolphi, da Agência Record

Suposta organização do PCC segundo MP-SP e polícia
Suposta organização do PCC segundo MP-SP e polícia

Agentes do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e da Polícia Militar saíram para as ruas de diversas cidades paulista, na manhã desta segunda-feira (14), para cumprir 40 mandados de busca e 12 mandados de prisão contra supostos integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

A Operação Sharks, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-SP, com apoio da Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar), contou com 25 policiais miitares em 65 viaturas.

As ações aconteceram na capital, região metropolitana de São Paulo, interior e litoral. De acordo com as informações oficiais, quatro pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas durante a operação. Um homem que estaria sendo investigado teria resistido e, na suposta troca de tiros, foi baleado e morreu.

No local onde aconteceu a morte, segundo as informações oficiais, havia explisivos. Por conta desse material, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) foram acionados.


Durante as buscas, foi apreendida quantia superior a R$ 100 mil em espécie. Diversos veículos de luxo e porções de drogas também foram recolhidos, bem como uma pistola calibre nove milímetros, munição e oito cartuchos de emulsão explosiva (TNT). Os agentes encontraram ainda diversos equipamentos eletrônicos e documentos, parte dos quais relacionados à propriedade de bens.

Os valores em dinheiro serão depositados judicialmente, enquanto os veículos poderão ser alienados, evitando a depreciação. Esses recursos poderão ser revertidos para utilização no combate ao tráfico e às organizações criminosas. As drogas e explosivos apreendidos deverão ser destruídos.


As investigações, conduzidas por uma força-tarefa do MP-SP composta por oito promotores de Justiça e agentes de investigação com apoio da Polícia Militar, foram iniciadas no primeiro semestre de 2019, a partir do cruzamento de múltiplos dados, mirando integrantes dos principais escalões da facção criminosa Primeiro Comando da Capital. 

As provas colhidas revelaram que a cúpula da facção movimenta mais de R$ 100 milhões anualmente. Esse dinheiro é proveniente, basicamente, do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes, tudo com rigoroso controle em planilhas.


As investigações revelaram a cadeia logística do tráfico de drogas da facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças à frente da fonte de maior renda da organização criminosa, apontando a participação de 21 criminosos, alguns presos durante a apuração dos fatos.

Para ocultar centenas de milhares de reais semanalmente, os investigados compravam veículos e se valiam de imóveis com fundos falsos, onde guardavam dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por intermédio de doleiros.

Entre os investigados, estão as principais lideranças do PCC em liberdade e algumas já presas. Alguns integrantes da facção se radicaram no exterior, comandando atividades logísticas a partir de outros países e reduzindo o risco de serem presas.

Entre eles, está um homem suspeito de ser o principal líder de rua atualmente, à frente da chamada "Sintonia Final da Rua", responsável por comandar os integrantes do PCC soltos, mantendo contato direto com a cúpula presa da facção.

Ele é suspeito de ser responsável pelos planos de fuga das lideranças da facção reclusas em presídios federais desde 2019, quando o Gaeco obteve ordem para suas transferências. Também é suspeito de liderar os planos de assassinar agentes e autoridades públicas em represália às transferências e às ações contra a cúpula da facção. Ele ostenta cargo de adido da Embaixada de Moçambique.

As investigações revelaram que esse homem herdou as funções da Sintonia Final da Rua dos antecessores, que também são investigados.

Outro líder investigado seria responsálvel pelo chamado Setor do Raio-X e Célular Territorial, que tem como objetivo o contato entre a cúpula e as lideranças atuantes em outros Estados do Brasil e países da América Latina, a chamada Sintonia dos Estados e Países.

Dois outros integrantes do Setor Raio-X tiveram suas prisões decretadas. Um era responsável pela logística de distribuição da maconha na facção criminosa e o outro por fazer cumprir as normas e a disciplina da facção criminosa.

Em comum entre as lideranças que são alvo da operação, além do elevado poder decisório e a proximidade com a cúpula presa, está o fato de que todas ostentam vida de luxo, com múltiplos imóveis, carros de luxo, quando não residem fora do país e com seus gastos pagos pela própria facção, em completa distinção da base da facção, formada por população em vulnerabilidade social, moradora, no mais das vezes, de regiões periféricas.

O MP-SP tem 30 dias para encerrar as investigações, ouvindo os presos e examinando os materiais apreendidos (documentos e equipamentos eletrônicos), para apresentar as denúncias perante a Justiça.

Os valores em dinheiro serão depositados judicialmente e poderão ser revertidos para utilização no combate ao tráfico e às organizações criminosas. As drogas apreendidas deverão ser destruídas.

Os investigados podem responder por crimes de organização criminosa armada (até 12 anos de pena), tráfico de drogas (até 15 anos), associação ao tráfico (até 10 anos) e lavagem de dinheiro (até 10 anos).

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