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Advogada com deficiência diz ter sido discriminada em exposição

Mulher diz que foi expulsa da Casacor depois de ter reclamado de acessibilidade no local. Empresa rebate e alega problema elétrico

São Paulo|Geovanna Hora*, da Agência Record

Empresa afirmou que está em contato com advogada parar apurar o caso
Empresa afirmou que está em contato com advogada parar apurar o caso

A advogada Nathalia Blagevitch, de 30 anos, que possui paralisia cerebral, denuncia ter sofrido neste sábado (23) discriminação de funcionários da famosa exposição de arquitetura da CASACOR, em São Paulo. Segundo a advogada, ela foi expulsa do evento depois de questionar a acessibilidade do local.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da CASACOR afirmou que a visitante não foi expulsa, mas que está em contato com a advogada para verificar a suposta má conduta de um de seus funcionários. 

A mulher relatou à Record TV que comprou o ingresso sem saber que um cadeirante precisaria transitar pelo local no elevador de carga. Nathalia disse que foi informada pelos funcionários do fato quando já estava no local, mas que apenas o 1° andar poderia ser acessado por ela.

Quando reclamou da falta de acessibilidade, Nathalia diz que foi expulsa. Um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra ela reclamando do ocorrido. "Esse é o maior evento de decoração do Brasil, gente!", afirma a advogada, indignada.


Outro lado

Em nota, a Casacor afirma que repudia "qualquer ato discriminatório" e que a interrupção do fornecimento de energia obrigou o uso do elevador de carga. "Houve uma situação de força maior e o fornecimento de energia teve de ser interrompido por algumas horas, impactando diretamente nos elevadores que dão acesso à mostra e a todos os andares do estacionamento", informou. A equipe diz ter oferecido o ressarcimento do valor ou o reagendamento da visita.

Para tentar manter a visita, a CASACOR diz ter aberto exceção no dia e disponibilizou o acesso pelo elevador de carga, único equipamento não afetado pela queda de energia.


Os visitantes que optaram por seguir com a visita foram encaminhados para o elevador e monitorados pelo chefe de segurança da mostra até sétimo andar, onde tem início o circuito interno de CASACOR.

O acesso ao sexto andar — onde continua e se encerra o passeio — seria feito pelas escadas, que fazem parte do roteiro e por onde os visitantes poderiam seguir com a visitação completa. No caso de Nathália, no entanto, o transporte não foi possível porque o elevador não comportava sua scooter elétrica.


A mostra informou ainda que está em contato direto com Nathália para apurar a suposta má conduta por parte de membro da organização, para que as medidas administrativas cabíveis sejam tomadas. Veja o posicionamento da CASACOR na íntegra:

"A CASACOR São Paulo reforça que repudia qualquer ato discriminatório e que ministra treinamentos aos funcionários, bem como aos seus terceirizados, enfatizando sempre os protocolos internos de conduta e responsabilidade no trato com seus visitantes.

Com relação ao episódio relatado pela visitante Nathália Blagevitch Fernandez durante sua visita neste sábado, dia 23 de outubro, a CASACOR informa que o prédio onde ocorre a mostra, no Allianz Parque, passou por atividades de manutenção preventiva programada nas subestações, para garantir a máxima qualidade e segurança no fornecimento de energia.

No decorrer das atividades da mostra, houve uma situação de força maior e o fornecimento de energia teve de ser interrompido por algumas horas, impactando diretamente nos elevadores que dão acesso à mostra e a todos os andares do estacionamento.

O procedimento adotado pela CASACOR foi o de avisar a todos os visitantes sobre o problema, oferecendo ressarcimento ou remarcação da visita em outras datas e horários. Para acomodar e atender aos visitantes que não poderiam retornar e gostariam de seguir com a visita mesmo com a limitação do uso de elevadores de acesso, a organização ofereceu, em caráter de exceção, acesso pelo elevador de carga, único equipamento não afetado pela queda de energia.

Os visitantes que optaram por seguir com a visita, foram encaminhados para o elevador e monitorados pelo chefe de segurança da mostra até o rooftop (sétimo andar, local onde tem início o circuito interno de CASACOR). O acesso ao sexto andar (onde continua e se encerra o passeio) seria feito pelas escadas, que fazem parte do roteiro e por onde os visitantes poderiam seguir com a visitação completa.

No caso de Nathália, no entanto, no qual o uso do elevador era essencial para acesso, o mesmo não foi possível, nem pelo elevador de carga, já que o caminho era alternativo e não comportava corretamente a scooter elétrica de propriedade da visitante. A opção de carregá-la no colo não foi considerada por fatores de segurança.

A partir desse momento, a equipe CASACOR reforçou com a visitante que ela poderia solicitar ressarcimento ou reagendar a visita. Ao chegar no piso térreo, Nathália se dirigiu até a bilheteria, como indicado pela equipe, para explicação do procedimento de estorno do valor de ingresso pela operadora de cartão de crédito. Nesse momento, a visitante comunica que a polícia seria acionada por conta da questão de acessibilidade.

A equipe CASACOR acompanhou Nathália durante a chamada da Polícia Militar e solicitou que ela aguardasse a chegada da viatura em local de sua escolha. A visitante, após a ligação, decidiu ir embora, sendo acompanhada pela equipe brigadista durante todo o trajeto até a saída da mostra, feita por um túnel (instalação artística). A equipe se ofereceu para acompanhá-la até seu carro (estacionado em shopping vizinho), o que a visitante recusou.

A CASACOR reforça que em nenhum momento a visitante foi expulsa do local, como afirmado em reportagem sobre o caso, e que toda sua visitação foi acompanhada pela organização e equipe brigadista, procedimento padrão adotado em todas as visitas de pessoas com deficiência.

A mostra informa, ainda, que está em contato direto com Nathália para apurar a suposta má conduta por parte de membro da organização, para que as medidas administrativas cabíveis sejam tomadas. Toda a visita de Nathália foi registrada pelas câmeras de segurança do local e estão disponíveis para apuração total do caso.

Com o funcionamento normal dos elevadores, a CASACOR São Paulo é uma mostra 100% acessível, procedimento adotado desde 2016. O evento é totalmente preparado para receptivo não apenas de pessoas com deficiência, mas de idosos e famílias com crianças pequenas, que acessem os ambientes com carrinhos.

A mostra conta com rampas de acesso em todos os ambientes; disponibiliza na recepção duas motos elétricas e 2 cadeiras de rodas para os visitantes; 3 elevadores exclusivos para acesso à mostra; 3 elevadores exclusivos para acesso a estacionamento, 1 elevador para PcD no sexto andar, para acesso aos pisos do circuito.

Há ainda quatro banheiros, todos unissex e com cabine exclusiva e equipada para PcD, distribuídos em todos os andares do circuito. Toda a equipe CASACOR é treinada e orientada para atender a qualquer necessidade dos visitantes, em todas as situações, prezando sempre pelos pilares de sustentabilidade e acessibilidade e inclusão."

*Estagiária da Agência Record, sob supervisão de Mariana Rosetti

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