Aluno da USP está entre 63 presos por pedofilia na internet
Estudante foi preso dentro de sala de aula nesta quinta-feira (28) e, segundo a Polícia Civil, tinha conteúdo de pedofilia no celular do suspeito
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
Uma operação da Polícia Civil de São Paulo cumpriu, nesta quinta-feira (28), 92 mandados de busca e apreensão e prendeu 63 suspeitos de cometerem crimes de pedofilia na internet no Estado de São Paulo.
Um dos presos na ação — que faz parte da Operação Luz da Infância, deflagrada em 26 Estados e no DF — foi capturado dentro de uma sala de aula da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo). De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, no celular do aluno foram encontradas imagens que servem para apuração policial.
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Por meio de nota, a FFLCH disse que "policiais civis uniformizados e fortemente armados entraram em salas de aula para buscar um aluno acusado de crime potencialmente grave que choca a comunidade" e isso, de acordo com a faculdade, chocou pela "desproporcionalidade entre os fins e os meios do procedimento policial".
"Por que o aluno não foi preso na sua residência, como seria típico de um flagrante? Para que interromper aulas com armas à vista na Universidade? Para que mobilizar duas dezenas de policiais uniformizados e com uso de metralhadoras para prender o acusado nos prédios da USP?", consta na nota da FFLCH.
O delegado-geral afirma que os policiais civis que estiveram na ação agiram dentro da conformidade e, se houve excessos, será investigado. Segundo ele, foi necessário os policiais entrarem na sala de aula para que o suspeito não conseguisse se desfazer do aparelho celular que, de acordo com a polícia, continha conteúdo de pedofilia.
A faculdade disse que acionou a procuradoria da USP para esclarecer a ocorrência. "Não vamos aceitar calados que a imagem da FFLCH-USP e a autonomia desta instituição sejam violados por ações injustificáveis. O mais do que necessário combate à criminalidade não pode justificar a agressão às instituições universitárias", disse.
Do total de detidos, 60 foram presos em flagrante com materiais armazenados. Segundo Fontes, os suspeitos que também compartilharam conteúdos sexuais de crianças não podem pagar fiança — diferentemente dos que apenas armazenavam.
Todo material apreendido, que tem entre eles computadores, celulares e pendrives, serão analisados para saber a atuação de cada um dos suspeitos.
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Ainda de acordo com o delegado-geral, os próximos passos da Polícia Civil devem ser analisar os materiais apreendidos e encaminhar à Justiça, para que os suspeitos sejam mantidos em prisão. Ferraz afirma que os casos eram individuais, portanto, não atuavam em rede.
Combate à pedofilia
Essa foi a quarta edição da Operação Luz na Infância, que visa combater a pedofilia no Brasil. Nesta fase, que foi a que contou com o maior número de prisões, policiais civis de todos Estados brasileiros e do Distrito Federal atuaram.
Segundo o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública), 137 pessoas foram presas suspeitas de envolvimento em pedofilia na internet em 24 unidades da federação. Ainda de acordo com a pasta, foram mobilizados mais de 1.500 policiais de todo país paracumprir 266 mandados de busca e apreensão.
O MJSP disse que, depois da operação, está sob cuidados da polícia pelo menos 710 gigas de vídeos e imagens investigados, 237 mil arquivos e 692 IPs (protocolos de internet). "A pena para crimes de abuso e exploração sexual de menores varia de um a quatro anos de prisão para quem armazena conteúdo, de três a seis anos de prisão por compartilhar e de quatro a oito anos de prisão por produzir conteúdo", disse a pasta.
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