Após 4 anos de atraso, estação do Metrô é inaugurada com falhas
Estação AACD-Servidor faz parte da linha 5-Lilás, a qual é acusada pelo Ministério Público de dar prejuízo aos cofres de quase R$ 200 milhões
São Paulo|Plínio Aguiar, do R7
Com quatro anos de atraso, a estação AACD-Servidor, da linha 5-Lilás do Metrô, foi inaugurada na manhã desta sexta-feira (31) na Vila Clementino, bairro nobre da zona sul de São Paulo.
Aberta para o público desde às 9h, a estação apresentou dois elevadores parados e pelo menos três escadas rolantes suspensas. A reportagem do R7 esteve ao local e encontrou funcionários realizando a limpeza da obra — água parada no chão, restos de construção, além de catracas bloqueadas.
Definida pela companhia como estação modelo de acessibilidade, a AACD-Servidor abriga nove elevadores e onze escadas rolantes e é próxima a dois importantes hospitais da região, o Hospital Servidor Público Estadual e o Edmundo Vasconcellos — este último atendendo à população que apresenta deficiência de mobilidade.
No entanto, com sete catracas na estação, apenas uma possui espaço para a entrada de cadeirante. O usuário que pretende descer para embarcar no trem precisa se deslocar por um grande corredor até chegar a escada rolante. A reportagem do R7 fez o trajeto e contou 76 passos.
Também foram instalados piso podotátil direcional, fita antiderrapante nas escadas fixas, além de dois pavimentos subterrâneos de estacionamento para veículos.
O Metrô espera que 22 mil pessoas sejam beneficiadas com a estação — um dos motivos é o acesso ao principal parque da capital paulista, o Ibirapuera. A atração fica a 1,5 quilômetro da estação, fazendo com que os usuários cheguem ao parque em quinze minutos.
De acordo com o Metrô, a estação irá funcionar em operação assistida das 9h às 16h, de segunda a sexta, por duas semanas, com tarifa no valor de R$4. Com a abertura da AACD-Servidor, a linha passa a ter 13 estações em funcionamento ao longo de 17,3 km.
Ao todo, a estação tem 27,5 mil metros quadrados e 22,5 metros de profundidade. A estação é administrada pela ViaMobilidade, empresa esta que também coordena a linha 4-Amarela do Metrô.
Questionada sobre a acessibilidade da estação, a AACD informou por nota que participou das discussões sobre o planejamento da obra e forneceu informações sobre a circulação de pacientes em sua dependência. No entanto, sobre às decisões relacionadas a execução, infraestrutura e aos equipamentos disponíveis para o público, a entidade acrescentou que são de responsabilidade do governo.
Questionado sobre o atraso da inauguração, o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, disse que se deve às empresas envolvidas na licitação. “Nós tivemos problemas com muitas delas por causa do desempenho. Então nos sobra duas soluções: ou cobramos e multamos a empresa ou rescindimos o contrato e fazemos nova licitação. E para isso exige-se um tempo maior”, justificou.
Prejuízo de milhões
A linha 5-Lilás sofreu retardo antes de ser inaugurada. O Ministério Público Estadual estimou que o prejuízo causado aos cofres públicos pela compra de 26 trens, que ficaram dois anos parados nos pátios da companhia, seja de R$ 184 milhões.
O valor, agora cobrado de nove réus da ação, corresponde a 30% dos R$ 615 milhões investidos entre 2011 e 2016 com a compra dos trens, entre contratos e aditivos.
Questionado sobre o rombo nas contas públicas, o secretário afirmou que a ação do MP é “absolutamente descabida”, uma vez que não houve irregularidade na aquisição dos equipamentos. “Vamos provar que não tem prejuízo para a população”, acrescentou.
Linha
As obras da linha 5-Lilás começaram em março de 1998, inaugurada em 2002 e o projeto foi feito para ser realizado em etapas. As primeiras são as estações que conectam o Capão Redondo ao Largo 13: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro e Largo 13.
Em 2009, começou a expansão da linha, sendo que em 2010 as obras ficaram paralisadas por um ano.
Também marcada para abril, as estações Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin serão entregues com novo atraso, no fim de setembro. “Semana que vem está marcada uma vistoria com técnicos para sabermos a data estada de inauguração, mas irá acontecer no próximo mês”, disse o secretário.
A estação Campo Belo, porém, deve ser entregue em dezembro — continua em construção e será interligada com o monotrilho da linha 17-Ouro, também em obras. “Vamos construir também na estação um viaduto”, comunicou Pelissioni.
O investimento, segundo a companhia, é de R$ 10 bilhões. Quando finalizada (sem estimativa), a linha 5-Lilás terá 17 estações, com 20 km e irá atender 800 mil pessoas por dia.