Após 8 meses sem visitas, familiares reencontram presos neste sábado
Visitas voltam gradualmente em boa parte das unidades prisionais de SP. Familiares deverão seguir uma série de regras, inclusive de distanciamento
São Paulo|Kaique Dalapola, do R7
A cozinheira Priscila Silva, de 29 anos, está há dois dias sem dormir e já deixou tudo preparado para sair de casa às 5h30 deste sábado (7), percorrer por 40 minutos de carro até chegar na Penitenciária de Marília, no interior de São Paulo. Ela vai rever o marido após oito meses de suspensão das visitas no sistema carcerário paulista devido a pandemia do novo coronavírus.
"A saudade dó demais. Só de falar, já estou chorando. Achei que nunca mais iria ver meu marido. Não sei como que vai ser na hora, só sei que vou entrar e sair chorando, porque foram os meses mais depressivos e angustiantes da minha vida", diz a cozinheira.
As visitas dos familiares aos presos voltam neste sábado, e devem acontecer de forma gradual nos presídios dos municípios onde não existem decisões judiciais que matenham a suspensão. As unidades prisionais que não retomarem a visita presencial, devem continuar com as visitas virtuais.
Além disso, os visitantes terão que seguir uma série de regras impostas pela SAP-SP (Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo) para tentar conter a propagação do coronavírus. Entre as medidas, está o uso obrigatória de máscaras, o distanciamento sociais e cada visita deve durar, no máximo, duas horas.
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Nesse primeiro momento, crianças, idosos e pessoas do grupo de risco não podem visitar os familiares, e todos visitantes que forem no final de semana devem medir a temperatura e saturação de oxigênio, além de ter que passar álcool para entrar e permanecer no presídio.
Priscila diz que ficou com coração partido em ter que deixar a filha com a avó matar a saudade do marido. "O que me dói mais é porque minha filha ouviu no dia que gritei falando da visita, que iria voltar, e desde então ela está cabisbaixa, porque não pode ver o pai dela".
Também estão proibída a entrada de alimentos, bolsas, roupas, itens de higiene, entre outros materiais. E isso é um dos fatores mais lamentados pelas visitas, conforme relata Priscila: "Vamos ficar sem levar uma comida digna e eles estão todos esses meses sem comer bem, porque só tinham comida de qualidade no dia de visita".
Com todas essas regras, Priscila teme não conseguir matar totalmente a saudade que sente do marido, principalmente por causa da determinação de não ter contato físico entre preso e visitante. "Vamos esperar para ver como que vai ser, só sei que estou aflita, ansioso e com medo", afirma.
Segundo a SAP-SP, as visitas presenciais serão aos finais de semana alternados, com divisão de pavilhões habitacionais e sob constante avaliação da evolução da pandemia nas unidades prisionais. Neste primeiro final de semana da retomada, haverá visitas somente nos pavilhões pares.