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Após massacre, alunos voltam à escola para buscar pertences

Estudantes abandonaram os pertences nas salas de aula quando os tiros começaram, na última quarta-feira (18)

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

Estudante Carla Tauane Soares, de 17 anos, foi socorrida pelo professor de matemática
Estudante Carla Tauane Soares, de 17 anos, foi socorrida pelo professor de matemática

Às 10h da manhã desta segunda-feira (18), os portões da escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na região metropolitana de São Paulo, se abriram após o massacre que vitimou oito pessoas na quarta-feira (18). Dezenas de pais, alguns acompanhados dos filhos, compareceram ao colégio para retirar os pertences dos alunos - abandonados nas salas de aulas que se iniciaram os tiros.

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A estudante Carla Tauane Soares, de 17 anos, sobreviveu aos tiros ao ser socorrida pelo professor de matemática. Na manhã desta segunda-feira, ela chegou a escola carregando flores. "Tenho que ser forte e seguir. Não vou voltar a estudar aqui, mas vou levar para sempre essa escola na memória", disse ela.

"Não sei em qual escola vou estudar e nem quando vou voltar às aulas. Ainda estou refletindo sobre o que aconteceu". Carla lembra que para se salvar dos tiros, se trancou em uma das salas. "Comecei a chorar desesperadamente. Tive medo que minha mãe chegasse e acontecesse alguma coisa com ela. Estava tão nervosa que nem consegui ouvir os tiros. Minha mãe entrou na escola em desespero."


"Hoje vai voltar toda a cena na cabeça: os alunos correndo e pedindo ajuda", diz ela. A mãe de Carla, Jenifer Oliveira, afirma que sempre confiou a segurança da filha na instituição. "Nunca deixei minha filha ir em balada, confiava na escola. Não tenho palavras para dizer às outras mães que perderam seus filhos."

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Pais e alunos protestaram em frente à escola
Pais e alunos protestaram em frente à escola

Em relação à volta da filha para a escola estadual, Jenifer diz que a decisão Ainda será tomada. "Conversei e vamos decidir isso juntas, vamos passar pela equipe de psicólogos da escola", diz ela. "Temos que ter a iniciativa para tocar a vida. Choro direto sempre que lembro", afirma Carla.

A irmã de Eliana Regina de Oliveir Xavier, inspetora que faleceu no massacre, a funcionária pública Aparecida Cristina, também esteve no colégio na manhã desta segunda-feira. "Arma não é segurança, arma é para matar. Minha irmã morava comigo desde 2016. Temos que defender a paz e a educação."


A ex-aluna Ingrid Borges, 20 anos, chegou a instituição para acompanhar uma amiga que presenciou o massacre e lembra da rotina no colégio. "A escola sempre foi muito segura, sempre abriram as portas para ex alunos. Mas também sempre teve bullying." Segundo ela, a mudança dos ambientes da escola pode ser uma forma eficiente de acolher os alunos. "Pode ajudar, mas será sempre lembrado."

Ingrid estudou idiomas na sala em que um dos assassinos tentou entrar. "Era um local muito isolado, dava acesso para todas as salas. É uma sala muito pequena, onde cabe no maximo 15 alunos. Estudei bem na última sala. Foi estratégico, eles não tinham para onde sair. Se ele tivesse entrado, ficariam todos presos no corredor. Seria uma matança muito maior."

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