Após ser xingada, vítima de Abdelmassih quer processá-lo: "Eu paguei para ser estuprada"
Escutas do Ministério Público mostram ex-médico chamando pacientes de "vagabundas"
São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7

A primeira mulher que denunciou o médico Roger Abdelmassih por estupro, Ivany Serebrenic, diz ter vivido mais um capítulo de sofrimento ao ouvir as gravações feitas pelo Ministério Público em que o ex-médico chama as pacientes de “vagabundas”, “loucas” e se refere às mulheres como "um bicho desgraçado".
Em entrevista ao R7, Ivany informou que vai processá-lo por difamação pelas declarações e que deseja ficar frente- a- frente com ele.
— Ele disse que nós o seduzimos e ele apenas foi “comedor”. Meu sonho é ficar frente-a-frente com ele e perguntar em que momento eu o seduzi. Eu paguei para ser estuprada e vou conviver o resto da minha vida com isso. A gravação dele é uma prova, ele confessou.
Ivany conta que havia acabado de se casar e tentava engravidar, mas não conseguiu, por isso buscou ajuda médica. Em 1999 ela procurou Roger e iniciou o tratamento de fertilização. O critério para escolher o profissional foi a constante aparição na mídia. Em uma das consultas, ela disse que acordou com ele em cima dela.
Ivany o denunciou em 2008 e no dia 23 de novembro de 2010. Roger foi condenado a 278 anos pelo abuso de 52 mulheres.
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Após três anos foragido da Justiça brasileira, ele foi preso em agosto no Paraguai. Em Assunção, levava uma vida luxuosa com sua atual mulher e dois filhos pequenos. Ele tenta recurso na Justiça para cumprir a pena em liberdade, o que gera mais revolta nas vítimas. Ivany afirma que elas moverão “céus e terras“ para que ele fique preso. Algumas mulheres fundaram uma associação e têm um advogado que defende em conjunto.
Ela é mãe de trigêmeos, concebidos após um tratamento feito no interior de São Paulo, e afirma que apesar de passados tantos anos, a família ainda convive com o trauma.
— Nós vamos mover céus e terras, o que for preciso para ele continuar preso. Os colegas de classe perguntaram para minha filha de 12 anos se a mãe dela foi estuprada. Agora, eu não vou deixar meus filhos ouvirem que a mãe deles é vagabunda.
Mulher do ex-médico
A mulher de Roger, Larissa Sacco, de 37 anos, contou detalhes, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, da relação de três anos e meio com o marido. Mesmo após divulgações de escutas em que Roger admite ter feito sexo com as pacientes, ela acredita que o especialista é inocente e que "a índole dele é de cativar e não de atacar", apesar de admitir que "santo ele pode não ser".
Ivany comentou as declarações de Larissa e disse acreditar que ela seja mais uma vítima do ex-médico.
— Nós [vítimas] não temos raiva dela. Só não entendemos como uma mulher tão bonita e inteligente é capaz de conviver com ele. Sem dúvida, ela é uma vítima.
Roger cumpre pena em regime fechado no presídio de Tremembé.