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'Bombeiros devem poder interditar prédios', diz comandante da PM SP

Após desabamento Salles chegou à conclusão de que os bombeiros devem ter o direito de multar e interditar prédios em irregulares

São Paulo|

"Eu acredito que é preciso dar mais responsabilidade aos Bombeiros", Salles
"Eu acredito que é preciso dar mais responsabilidade aos Bombeiros", Salles "Eu acredito que é preciso dar mais responsabilidade aos Bombeiros", Salles

Marcelo Vieira Salles estava deitado quando o telefone tocou às 2 horas da madrugada de terça-feira (1). "Comandante, tem um incêndio grave aqui no centro." Do outro lado da linha estava o tenente-coronel Max Mena, do Corpo de Bombeiros. O fogo tomava conta do Edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo. O comandante pegou o carro da mulher e foi ver o que acontecia.

No meio do caminho, recebeu outro telefonema: "Salles, o prédio caiu e a informação é de que temos seis bombeiros embaixo. Daí veio na minha cabeça o World Trade Center. Aquilo me deu uma sensação tão ruim", disse.

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A morte dos bombeiros não se confirmou, mas o primeiro grande choque de seu comando fez Salles chegar a uma conclusão: o Corpo de Bombeiros tem de ter o direito de multar e interditar prédios em desacordo com as normas de segurança. Leia, a seguir, trechos de entrevista do comandante concedida.

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Diante do caso do Edifício Wilton Paes de Almeida, o senhor acha que o Corpo de Bombeiros deve multar e interditar prédios?

No dia do incêndio, cheguei lá às 3 horas e fiquei até as 11 horas. Sim, eu acredito que é preciso dar mais responsabilidade aos Bombeiros. O prédio em que eu moro tem o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Já que eles têm esse controle e são responsáveis por essa expedição e por atuar em caso de sinistro, eu tenho certeza de que eles devem ter sim o poder de interdição (há quatro anos a Assembleia Legislativa aprovou lei que dá aos bombeiros o direito de multar prédios irregulares, mas ela ainda não foi regulamentada).

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O senhor acha que dão a obrigação, mas não a ferramenta para os bombeiros desempenharem sua função?

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Isso. Essas vistorias, por meio do plano de intervenção dos bombeiros, para ver os riscos potenciais, são feitas. Tem de interditar? Sim. Mas há um problema social terrível: é preciso também ver o que fazer com os moradores. A situação deles não é simples.

Outro desafio a enfrentar é melhorar o controle do uso de força letal pela PM. Em 2017, houve cerca de 900 mortes, maior número do século. É possível reduzir a letalidade?

Primeiro, a opção do confronto é do infrator. Mas creio que é possível diminuir a letalidade. Nosso policial se sente compelido a atuar, mesmo de folga. O que fizemos na zona oeste: dissemos aos policiais que deviam pedir apoio antes de agir, isolar o local e conter a crise, que usassem escudo balístico e armas não letais. É preciso negociar. Incentivamos o uso progressivo da força é fundamental. Já pedi ao Estado-Maior a aquisição de armas não letais, como as tasers.

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Quando alguém fala para o senhor que a polícia tem de matar bandido, o que o senhor acha?

Tive uma discussão uma vez por causa disso. A pessoa me disse: 'Vocês tem de matar". Policial não é carrasco. Essa missão não é da polícia. Eu disse: 'Você vai pagar advogado para mim, vai a júri comigo, ou você está terceirizando a responsabilidade?'. Pega uma notícia e veja os comentários embaixo: morreu pouco. Como se nós fôssemos pessoas de segunda categoria. A nossa tropa é vocacionada, mas por vezes ela é bombardeada por pessoas que não têm compromisso algum e comenta isso como se fosse um jogo de futebol. A gente tem de conversar com a tropa também para tentar blindá-la dessas mensagens.

A PM deve ampliar suas funções. A patrulha rural e a polícia rodoviária vão passar a fazer TC (termos circunstanciados), que substitui os flagrantes em casos de crimes de menores?

Isso é uma tendência mundial. Santa Catarina tem uma experiência interessante nesse sentido. Defendo tudo o que puder melhorar a prestação de serviço ao cidadão. Nesse caso, ninguém vai precisar se deslocar quilômetros para registrar o caso. Na Rodoviária e na Ambiental já fazemos o BO eletrônico. Agora estamos preparando para o TC. Para mim, o ideal seria o processo sumaríssimo. No futuro, devíamos aproveitar as audiências de custódia e fazer a instrução do processo na hora, julgar ali, dando uma resposta rápida quando não há dúvida da autoria e da materialidade do crime.

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