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Câmeras podem esclarecer a morte de crianças em incêndio em Poá

Polícia Civil quer usar imagens da vizinhança para saber o momento exato que pai deixa a casa; suspeito continua preso

São Paulo|Do R7, com informações da Record TV

Ricardo, pai das crianças, não tentou arrombar a porta do quarto quando incêndio começou
Ricardo, pai das crianças, não tentou arrombar a porta do quarto quando incêndio começou

Imagens de câmeras de segurança da casa vizinha ao local do incêndio que matou três crianças em Poá, na Grande São Paulo, serão investigadas pela Polícia Civil. O objetivo é saber o momento exato em que Ricardo Reis de Faria e Vieira, de 33 anos, deixa o imóvel para pedir socorro. Já é possível afirmar que o pai, que está preso temporariamente suspeito de matar os filhos, não tentou arrombar a porta do quarto.

A polícia esteve na tarde desta quinta-feira (18) na residência para ter acesso às imagens, segundo a Record TV. A gravação pode esclarecer a dinâmica e os horários do crime.

A polícia também analisa um vídeo gravado pouco antes da morte por Fernanda, de 14 anos, uma das vítimas de incêndio. A adolescente sonhava em ser blogueira. As imagens mostram a menina brincando com um dos irmãos e um gato e a porta do quarto fechada, mas sem chave. 

O fogo provocou também a morte de Gabriel, de 9 anos, e Lorenzo, que iria completar 2 anos. Uma vizinha ouviu a adolescente dizendo: "Pai, não me deixa morrer aqui".


Segundo o delegado responsável pelo caso, Eliardo Amoroso Jordão, ele recebeu imagens das chaves de cada cômodo da casa e fotos das portas, que serão analisadas. Os investigadores também vão avaliar mensagens trocadas entre Fernanda e os dois pais, Leandro e Ricardo.

Prisão do pai


A polícia tem os 30 dias da prisão temporária de Ricardo para concluir as investigações. Mas pode pedir a prorrogação da prisão ou transformá-la em preventiva. "São varios detalhes que a gente, ao longo desses dias, vai esclarecer", diz o delegado Jordão.

Entre a série de inconsistências a serem esclarecidas está o motivo do quarto das crianças estar trancado. Segundo o ex-companheiro de Ricardo e também pai das crianças, Leandro, a família não tinha o hábito de trancar os cômodos. A polícia também tenta entender porque a criança de 2 anos, que não costumava dormir naquele quarto, estava ali na noite do incêndio.


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Na quarta-feira, a polícia apreendeu um celular no quarto das crianças, parcialmente danificado em razão das chamas. O aparelho está com a perícia.

A polícia analisa também a necessidade de se realizar uma reconstituição do crime.

Versões diferentes

No dia do incêndio, Ricardo, aparentemente transtornado, chegou a dizer que os filhos teriam sido raptados e, por isso, não estariam dentro da casa. Ele disse que o responsável pelo incêndio poderia ser o atual namorado do ex dele. Segundo os investigadores, Ricardo também chegou a sugerir que a adolescente poderia ter provocado as chamas.

Ricardo, que era o tutor das crianças e único sobrevivente do incêndio, chegou a dar três versões para o ocorrido. Em uma delas, disse que os filhos teriam sido levados de casa por uma outra pessoa. A atitude suspeita fez com que ele fosse encaminhado à delegacia.

Ele foi casado com Leandro, de 36 anos, por quase 16 anos. Juntos, os dois formaram uma família. Nos últimos três meses, no entanto, a relação do casal teria sido abalada após uma traição de Ricardo e os dois passaram a viver em casas separadas e compartilhar a guarda dos filhos adotivos.

O caso foi registrado como homicídio qualificado pela delegacia de Poá.

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