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Casos de violência psicológica contra mulheres são 39,9% de atendimentos da Prefeitura de SP

No total 35 mil mulheres foram atendidas nos equipamentos de proteção. Vítimas são brancas, de 30 a 39 anos, com o ensino médio

São Paulo|Julia Girão, do R7*

Casa da Mulher Brasileira funciona em plantão de 24 horas e reúne diversos tipos de serviço no mesmo local
Casa da Mulher Brasileira funciona em plantão de 24 horas e reúne diversos tipos de serviço no mesmo local Casa da Mulher Brasileira funciona em plantão de 24 horas e reúne diversos tipos de serviço no mesmo local

O número de atendimentos de casos de violência contra a mulher realizados pela Prefeitura de São Paulo até agosto deste ano aumentou 27,9% em relação ao mesmo período de 2021. No total, são 35 mil mulheres atendidas nos equipamentos públicos. Os casos mais frequentes se referem a violência psicológica, que representam 39,9% dos atendimentos.

“As mulheres começarem a identificar a violência psicológica antes da física é um grande avanço. No sentido do enfrentamento da violência contra a mulher mesmo”, afirma Ana Cristina de Souza, coordenadora de Políticas para Mulheres da SMDHC (Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania) e da Casa da Mulher Brasileira.

Na comparação com o ano anterior, o número de pessoas atendidas cresce a cada mês. O pico foi em março deste ano, quando houve 43% a mais de atendimentos do que o verificado no mesmo mês em 2021. Os dados foram divulgados pela SMDHC.

Em relação ao perfil das mulheres atendidas, a maioria é branca, na faixa de 30 a 39 anos, com o ensino médio completo. Em relação às mulheres negras, que constituem a maior parte das vítimas da violência doméstica e de gênero, a assistente social ressalta que nem conseguem alcançar esses equipamentos. "Estão tão marginalizadas e sem acesso que não conseguem chegar aos serviços e a informação."

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De acordo com Ana Cristina, os números não estão relacionados ao aumento de casos, e sim à popularização do serviço prestado pela secretaria: “É uma união de forças. Nós fazemos toda uma articulação para que essas informações cheguem às mulheres. Hoje elas estão se sentindo confiantes e acolhidas para realizar a denúncia".

Violência psicológica e moral

O segundo tipo de violência mais atendido é a violência moral, com 22,5%, seguida da física, de ameaças generalizadas e de violência patrimonial, verbal e sexual.

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A violência física, de acordo com Ana Cristina, é o último estágio das violências tipificadas pela Lei Maria da Penha. Logo, a vítima passa por uma série de humilhações que causam danos emocionais antes de sofrer o primeiro dano físico.

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Para ela, um dos casos mais marcantes foi o de uma mulher que tinha um companheiro que quebrava objetos dentro da casa onde moravam e fazia com que ela acreditasse que tinha culpa nos atos dele por muitos anos. “Tinha muita perversidade envolvida em todo o processo”, explica.

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Acolhimento

A Casa da Mulher Brasileira funciona em plantão de 24 horas e reúne diversos tipos de serviço no mesmo local. O equipamento atendeu, segundo a secretaria, 80.085 mulheres. Em 2022, foram 24.815 mulheres. A rede de Direitos Humanos possui quatro Centros de Referência da Mulher, cinco Centros de Cidadania da Mulher, duas casas de acolhimento e três postos de atendimento, dois em estações do metrô (Santa Cecília e Luz) e um no Terminal de Ônibus Sacomã.

As mulheres ameaçadas por companheiros e maridos são encaminhadas para as casas de abrigo provisório que fazem acolhimento também para os filhos de até 17 anos e onze meses. As vítimas recebem um auxílio no valor de R$ 400.

Mulheres vítimas de violência devem procurar esses equipamentos da prefeitura, explica Ana Cristina, antes de realizar o boletim de ocorrência nas delegacias. Para que a vítima possa ser acolhida sem correr o risco de ser julgada ao realizar a denúncia. “A profissional de serviço social ou psicologia consegue elaborar com a vítima o discurso e sua história, construindo melhor a narrativa para o boletim de ocorrência. Quando ela consegue, é interessante que passe antes”, afirma a coordenadora.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Fabíola Perez

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