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Chacina de Osasco: "Absolvição de PM significaria licença para matar"

Segundo o promotor Marcelo Oliveira, absolvição de PM poderia abrir brechas em condenações anteriores

São Paulo|Fabíola Perez, do R7

O PM Victor Cristilder Silva dos Santos durante seu julgamento no Fórum de Osasco
O PM Victor Cristilder Silva dos Santos durante seu julgamento no Fórum de Osasco O PM Victor Cristilder Silva dos Santos durante seu julgamento no Fórum de Osasco (HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDO)

Após três dias do julgamento do policial militar Victor Cristilder Silva dos Santos, 32 anos, preso preventivamente sob a acusação de ter assassinado 17 pessoas e ter tentado matar outras sete no dia 13 de agosto de 2015 em Osasco e Barueri, em São Paulo, o promotor responsável pela acusação Marcelo Oliveira afirmou que a absolvição do réu significaria uma licença para matar dentro da polícia militar.

“Se isso ocorrer, é como se dissessem aos demais que agora eles têm chances de sair do presídio Romão Gomes”, afirmou ao R7.

A previsão é de que o júri, que ocorre no Fórum de Osasco, se prolongue até sexta-feira (2). Em setembro de 2017, a Justiça condenou três outros agentespelos crimes. O PM da Rota Fabrício Eleutério foi condenado a 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão. O policial militar Thiago Henklain a 247 anos, 7 meses e 10 dias. E o guarda civil Sérgio Manhanhã foi condenado a 100 anos e 10 meses.

Apesar de Cristilder pertencer ao mesmo processo que envolve os outros três agentes, a defesa recorreu à Justiça da decisão que o levou a júri popular para ser julgado separadamente dos demais. “É uma estratégia da defesa”, afirma Marcelo. Se Cristilder for absolvido, o caso pode gerar questionamentos em relação à condenação dos demais e, assim, abrir possíveis brechas para novos recursos. O advogado de defesa de Cristilder, João Carlos Campanini, afirmou durante o júri que o PM é inocente das acusações.

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Leia mais: Testemunhas protegidas faltam a júri de PM acusado de chacina

De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público, os agentes saíram encapuzados e cometeram execuções em comunidades para vingar as mortes de um policial e de um guarda dias antes. “O bar do Juvenal estava no mapa das mortes”, afirma o promotor. “Por volta das 20h30, os indivíduos com balaclava adotaram comportamento típico de matadores.”

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A conclusão do julgamento indicará se a sociedade continuará compactuando com esse tipo de crime

(Marcelo Oliveira, promotor)

Segundo testemunhas, circulavam comentários de que os supostos autores das mortes dos policiais frequentavam o estabelecimento — por isso, os executores da chacina teriam dito “nós vamos lá”. Para o promotor, após a morte do colega da corporação, os policiais da guarda civil de Barueri teriam nutrido um sentimento de vingança contra pessoas que frequentavam locais considerados, para eles, inadequados.

"Sérgio Manhanhã tinha o desejo de se vingar o bar e tinha contato com o Cristilder por meio de mensagens já comprovadas”, afirma. A troca de mensagem, diz o promotor, seria um forte indício de que Cristilder também estivesse envolvido nas execuções.

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Supostos indícios

Segundo a acusação, foram encontradas mensagens e símbolos que indicariam uma suposta autorização para o início das execuções no celular de Sérgio Manhanhã.“Era emojis de ‘joinha’ depois das 19h”, diz o promotor. “A conclusão do julgamento indicará se a sociedade continuará compactuando com esse tipo de crime ou não. Três quartos da responsabilidade já foi cumprida. Ainda falta um quarto que está nas mãos dos jurados.”

Um dos argumentos da defesa, segundo o promotor, é que a Corregedoria da Polícia Militar e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sofreram pressões para encontrar um culpado. Para Oliveira, uma eventual absolvição deixaria a população de Osasco sem respostas para o ocorrido. Foram investigados as equipes dos batalhões de Carapicuíba, Itapevi, Barueri e Osasco.

Detidos por chacina são responsáveis por 23 mortes e 7 tentativas de homicídio

De acordo com a acusação, o Instituto de Criminalística e o Departamento de Inteligência do DHPP verificaram mensagens apagadas no celular dos policiais na noite da chacina. Oliveira afirma que em alguns batalhões há uma mentalidade de vingança após a morte de algum agente da corporação. “Uma vez que entendem que ‘mataram um amigo’, eles se reúnem, se revoltam e tem todo o aparato do Estado para fazer Justiça com as próprias mãos”, diz.

Para esta quinta-feira (1) estão previstos os depoimentos de pelo menos três testemunhas da defesa e do réu Victor Cristilder Silva dos Santos. Entre as testemunhas, há um perito que avaliou as transcrições do celular de Sérgio Manhanhã.

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