Chuvas ajudam, e Cantareira alcança o maior nível desde 2012
Após período de crise, novo patamar mostra mais segurança em relação ao abastecimento na região metropolitana
São Paulo|Isabelle Amaral, do R7
O Sistema Cantareira, maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo, atingiu na manhã de quarta-feira (1°) o nível de 70% de volume de água operacional, o maior desde agosto de 2012. As informações são do Portal dos Mananciais, da Sabesp.
Depois de um período de crise hídrica, esses resultados podem significar abastecimento garantido pelos próximos meses, de acordo com o engenheiro e gerente do Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp, Emerson Moreira.
“A última vez que o sistema chegou a 70% de volume de água foi em 23 de agosto de 2012, então foram cerca de 11 anos em níveis relativamente baixos, para que hoje voltemos a ter esse estoque”, afirmou ao R7.
Leia também
As chuvas de fevereiro foram vitais para o volume de água vantajoso no Sistema Cantareira. Só no dia 8, choveu o esperado para o mês inteiro — 246 mm em 24 horas. Se continuar assim, explicou Moreira, haverá aumento, o que garantirá o abastecimento por mais tempo.
Esse tipo de chuva intensa sobre as represas ajudou o sistema a deixar o nível de atenção em fevereiro, quando superou os 60% de reservação.
A presidente da ONG Instituto Trata Brasil, Luana Siewer Pretto, afirma que o maior nível de segurança verificado no momento é reflexo de obras realizadas ao longo da pandemia, como a construção do sistema produtor São Lourenço. "Essas obras fizeram com que a população sentisse menos as crises nos reservatórios", afirma.
O Sistema São Lourenço se juntou a outros, como o Guarapiranga, o Alto Tietê e o Cantareira, na função de abastecer a Grande São Paulo.
Luana Pretto afirma que, apesar da melhora nos níveis, a população tem que ajudar no que puder, e que economizar água é importante não apenas do ponto de vista do Sistema Cantareira, mas do meio ambiente em geral.
Alto volume de água em outros mananciais
Além do Cantareira, os mananciais de São Lourenço, Rio Grande e Guarapiranga, também na Grande São Paulo, tiveram um mês de fevereiro favorável, que resultou no aumento do volume de água operacional. Entre os quatro, o sistema com o maior volume registrado na quarta (1°) foi o do Rio Grande, com 103,3%.
O manancial de São Lorenço vem na sequência, com 98,3% de abastecimento, e Guarapiranga, com 83,5%. Se observado em toda a região metropolitana de São Paulo, contemplando também o Alto Tietê, Cotia e Rio Claro, o volume total armazenado até o primeiro dia deste mês foi de 74,2%.
O que acontece se o sistema chegar a 100%?
Ainda segundo o especialista, a quantidade de chuva beneficia a população, já que os mananciais ficam abastecidos e, consequentemente, isso diminui o risco de uma crise hídrica. No entanto, quando o volume de água chega a 100% em algum desses reservatórios, pode ser considerado preocupante, isso porque todo o líquido precisa ser distribuído em rios, o que pode acarretar, a depender da quantidade de chuva no período, maiores possibilidades de inundações.
A última vez que foi necessário fazer essa distribuição foi em 2011, relatou Moreira. “De forma geral, isso é bom, porque é abastecimento ao público, mas temos essa preocupação com os rios”, completou.