São Paulo Cidadania expulsa Fernando Cury por caso de assédio na Alesp

Cidadania expulsa Fernando Cury por caso de assédio na Alesp

Decisão foi tomada por conta de ato que envolveu a deputada Isa Penna. Expulsão se deu após 27 votos favoráveis e 3 contrários

  • São Paulo | Do R7, com informações da Agência Estado

O deputado estadual Fernando Cury

O deputado estadual Fernando Cury

Carol Jacob/Alesp

A Executiva Estadual do Cidadania expulsou na noite desta segunda-feira (22) o deputado estadual Fernando Cury do quadro de filiados do partido. A decisão foi tomada por recomendação do Conselho de Ética da sigla e é embasada no caso de importunação sexual à também deputada estadual Isa Penna (PSOL), ocorrido há quase um ano.

Em 21 de dezembro de 2020, as câmeras do circuito interno da Assembleia Legislativa de São Paulo flagraram o parlamentar colocando as mãos na lateral do corpo da deputada, na altura dos seios. Ela, por estar de costas para ele, não pôde impedir o movimento. Punido internamente na Casa, Cury ficou suspenso de suas atividades parlamentares por 180 dias.

A decisão interna do partido foi tomada com ampla vantagem, mas demorou quase dez meses para alcançar consenso. Assinado por Alisson Luiz Micoski, titular do Conselho de Ética do Cidadania, o parecer pela expulsão foi divulgado no dia 10 de janeiro. Nesta noite, com o quórum necessário para o prosseguimento da reunião, o documento foi aprovado com 27 votos favoráveis à expulsão e apenas três contrários. Cury segue como deputado até o fim de seu mandato ou até decisão diferente por parte da Alesp. A expulsão do partido não implica nenhum tipo de cassação.

Cury ainda responde pela acusação de importunação sexual apresentada pelo Ministério Público de São Paulo. Ele já é réu no processo, que aguarda as considerações da defesa.

O parlamentar alega que sua aproximação se deu como um gesto de gentileza mal interpretado e inadequado, mas nega que tenha cometido crime.

Nesta segunda, o parlamentar afirmou em nota que o partido age com o objetivo de criar um "fato político" e que optou por não esperar os prazos dos recursos na ação judicial. Diz ainda considerar o desligamento antidemocrático. Veja a íntegra da nota divulgada pelo deputado:

Em relação à reunião marcada pelo Cidadania hoje para oficializar meu processo de desligamento do partido, venho por esta nota afirmar que, no meu entendimento, esse processo está, mais uma vez, atropelando o devido processo legal para criar um fato político.

Não há o intuito de fazer justiça, pois, caso fosse essa a intenção, o partido aguardaria o término dos prazos dos recursos na ação judicial para dar andamento a este processo.

Temos uma apelação para ser julgada e também um agravo de instrumento para ser apreciado. O Cidadania apresentou as contrarrazões da minha apelação, mas quer fazer uma manobra, criando um fato político para me expulsar antecipadamente, antes do julgamento desta.

Caso o TJDF entenda que a competência é do Conselho de Ética Estadual, e não Nacional, do Cidadania, minha expulsão será cancelada. Outro fato importante é que o sr. Roberto Freire, presidente do partido, estaria impedido, por já ter prejulgado o caso. Reforço que o partido busca apenas um fato político, pois a Justiça ainda nem declarou minha sentença.

Ajudei o Cidadania na ampliação e na representação no interior de São Paulo. O partido cresceu e hoje tem relevância no cenário político estadual, e não somente na capital e na Grande São Paulo. Espero, por respeito, que ao menos seja julgada minha apelação, e também o agravo de instrumento, antes que esse jogo de cartas marcadas vire um fato político. Reforço que o processo de desligamento é antidemocrático.

Acredito na Justiça e, assim que o TJDF reverter a decisão do partido, buscarei minha reparação.

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