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Com 4 filhos e 6 netos, idosa que morreu afogada em carro durante enchente 'se mantinha na ativa'

Mulher, de 88 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela chegou a ser resgatada, mas não resistiu, segundo a PM

São Paulo|Isabelle Amaral, do R7

Naide Cappellano tinha 88 anos
Naide Cappellano tinha 88 anos

Naide Pereira Cappellano, de 88 anos, que morreu afogada dentro do próprio carro no Dia da Mulher, na quarta-feira (8), durante uma enchente que atingiu Moema, na zona sul de São Paulo, cuidava "muito bem da saúde", com bateria de exames constantes, "se mantinha na ativa" e, apesar da idade, era "mais lúcida do que muito adulto por aí", revelou a neta dela, Mariana Cappellano.

Mariana, que é advogada, afirmou, em publicação nas redes sociais, que vai lutar por Justiça, isso porque um muro "mortal", segundo ela, foi construído para impedir o escoamento na região. Durante a chuva intensa, a avó dela ficou ilhada, não conseguiu sair do veículo, se afogou e acabou morrendo.

A mulher, que tinha quatro filhos, seis netos e oito bisnetos, deixou um legado. Ela era dedicada, gostava de presentear a família, amava a vida e tinha como hobby cuidar das suas plantas.

A neta encontrou, dentro do carro onde Naide morreu, a bolsa da avó, onde estava uma nota com o valor dos presentes que havia comprado para as crianças da família.


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Naide havia saído de casa para comprar o remédio da sobrinha, que é PCD (pessoa com deficiência física), mas, ao chegar à rua Gaivota, seu veículo foi tomado pela água. Ela teria batido no vidro para pedir ajudar, mas ninguém a escutou.

Volume de água atingiu 2 metros de altura

De acordo com o repórter Eder Fritsch, da Record TV, que esteve no local, moradores e comerciantes da região afirmaram que a água chegou a atingir cerca de 2 metros de altura.


Uma moradora de um prédio próximo revelou que havia outros motoristas dentro de veículos na mesma rua, entre eles uma BMW blindada, mas os condutores conseguiram abandonar os automóveis e fugiram.

Naide, que estava dentro de um Peugeot 206 preto, chegou a bater no vidro para pedir ajuda, mas não foi ouvida por pessoas próximas.


Bairro destruído

"Já estava sofrendo dia a dia em ver o bairro se transformar em um comércio ridículo com novas construções completamente inúteis, destruindo árvores, histórias e vidas", relatou Mariane. Agora, com a morte da avó devido ao desastre com o temporal, ela afirma que vai "agir".

O fechamento de uma passagem para o escoamento da chuva, que teria sido o motivo da enchente, é objeto de ação pelo Ministério Público, segundo a advogada. Com essa informação, ela pretende acionar a Justiça para derrubar o muro que impede o escoamento da água.

"Hoje eu vivo e sinto na pele a dor da tragédia. Isso não ficará impune. Não existirão outras mortes", afirmou.

Moradores de Moema também relatam que, em poucos meses, essa é a quarta vez que a rua fica alagada devido às fortes chuvas que atingem a região.

A reportagem solicitou um posicionamento à prefeitura de São Paulo sobre as destruições causadas pelas chuvas, que explicou que o "bairro de Moema se encontra com alta incidência de nascentes e córregos, a maioria canalizada. Com isso, a região está em uma área baixa em comparação com seus arredores".

"SIURB trabalha na elaboração da licitação para as obras do Reservatório do Córrego Paraguai-Éguas. Ele será construído na Praça Juca Mulato. O edital será lançado em breve", afirmou. 

Veja a nota da prefeitura na íntegra.

"A Subprefeitura Vila Mariana esclarece que o bairro de Moema se encontra em uma área de várzea, ou seja, uma zona com alta incidência de nascentes e córregos, a maioria canalizada. Somado a isso, a região está em uma área baixa em comparação com seus arredores.

Justamente por isso, a SIURB trabalha na elaboração da licitação para as obras do Reservatório do Córrego Paraguai-Éguas. Ele será construído na Praça Juca Mulato. O edital será lançado em breve. Além de estudar a implantação de um novo reservatório para contenção das águas do Córrego Uberabinha. A previsão é que, até o final de março, estejam definidos o local de construção bem como o orçamento, o que possibilitará o desenvolvimento do projeto.

O Córrego Uberabinha está canalizado há pelo menos 50 anos, mas a Siurb, em parceria com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) da USP, publicou o Caderno de Drenagem referente a esse córrego. É um estudo que mostra a atual situação da bacia hidrográfica e quais as ações podem ser tomadas pelo poder público para mitigar os pontos críticos.

Quando acontecem eventos com chuvas fortes como de ontem (08/03), atingindo 67,2 mm na região de Moema, a água escorre de outros locais para o bairro e encontra as águas endêmicas da região, o que sobrecarrega o sistema de águas pluviais e, em consequência, provoca alagamentos. Isso é ainda mais evidente ao observar que o fenômeno acontece e se dispersa rapidamente.

Serviços de limpeza

Há um cronograma de limpeza manual de bueiros em locais sensíveis a alagamentos, que recebem o serviço no mínimo uma vez por semana, além da limpeza imediata após alagamentos, a fim de remover detritos arrastados pelas águas. Isso compreende a Av. Ibijaú, Rua Gaivota e seus arredores.

De 01 de fevereiro até 07 de março as Avenidas Ibirapuera e Ibijaú, Rua Gaivota e Praça Mário Pontes Alves tiveram seus bueiros limpos 239 vezes. Em fevereiro na Av. Ibijaú foram 15 bueiros no dia 01, 12 no dia 08, 29 no dia 15 e 6 no dia 22. Na Av. Gaivota no mesmo mês foram 16 bueiros no dia 01, 12 no dia 08, 6 no dia 15 e 26 no dia 22. Em março, o serviço foi realizado no dia primeiro, totalizando 15 bueiros na Ibijaú e 26 na Gaivota. A região também sofreu intervenções pontuais, fora do cronograma, a qual somaram 3 limpezas na Ibijaú e 5 na Gaivota.

A limpeza mecanizada com hidrojato realizou seus serviços nos endereços citados no dia 06 de janeiro de 2023. Na Av. Ibijaú foram vistoriados e desobstruídos bueiros na altura dos números 45, 83, 188, 269 e 405. Na Av. Gaivota os números foram 879, 886, 897, 916, 917, 960, 979 e 988.

A manutenção e zeladoria permanentes na região também garantem o escoamento rápido das águas da chuva. As equipes da Subprefeitura Vila Mariana retornaram na manhã desta quinta-feira (9) aos locais atingidos para dar prosseguimento aos serviços de limpeza e zeladoria. A administração regional informa que as vias estão desobstruídas e livres para circulação."

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