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Conflito de regras faz escolas liberarem mais alunos em sala

Em SP, decreto estadual permite receber até 70% dos estudantes, mas prefeitura orienta que se percentual se mantenha em 35%

São Paulo|Do R7

Alunos retornam as aulas na Escola Estadual Prof. Simão Mathias, na zona leste de São Paulo
Alunos retornam as aulas na Escola Estadual Prof. Simão Mathias, na zona leste de São Paulo

Um conflito entre regras estaduais e municipais faz escolas particulares da capital paulista receberem a partir desta semana quantidades diferentes de alunos em aulas presenciais. Algumas passaram a seguir o decreto estadual e aumentaram para 70% dos estudantes todos os dias. Outras se mantêm em 35%, como prevê a Prefeitura. Ter uma porcentagem maior é importante para as famílias porque significa mais dias na escola e menos rodízios.

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Colégios como Santa Cruz e Espaço Lúdico, na zona oeste, e Projeto Vida, na zona norte, são alguns dos que decidiram aumentar a quantidade de alunos. E ainda afirmaram que foram autorizadas pelos seus supervisores nas diretorias regionais de ensino - ligadas ao Estado - a fazer a mudança. O Colégio São Luís, na zona sul, também mandou comunicado aos pais, avisando que aumentaria a presença para 50% dos alunos.

O Estadão teve acesso a um áudio de uma supervisora da região central deixando claro que as regras estaduais deveriam ser seguidas, ou seja, os 70%. Segundo o Estadão apurou em grupos de escolas, as informações dadas variam - alguns falam que elas devem seguir a Prefeitura e outros, o Estado.

Desde o dia 5, a Grande São Paulo está na fase amarela do plano de flexibilização, segundo o governo João Doria (PSDB). Decreto estadual prevê que, nesta etapa, as escolas podem elevar a presença de 35% para 70% das matrículas. O secretário do Estado da Educação, Rossieli Soares, passou a dizer em entrevistas que as escolas particulares estavam livres para receber mais alunos enquanto a Prefeitura não se manifestasse contrariamente.


Essas declarações desagradaram a membros do alto escalão da gestão Bruno Covas (PSDB), que tem sido mais restritiva desde 2020 sobre a abertura de escolas. A Prefeitura havia publicado decreto dias antes - quando a cidade ainda estava na fase laranja - permitindo a presença de 35%. Na semana passada, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse ao Estadão que não havia necessidade de novo decreto porque o anterior continuava valendo.

"Estamos seguindo o Plano São Paulo, do Estado. Entendemos que, se houver restrição, a Prefeitura tem de se manifestar", diz o diretor geral do Santa Cruz, Fabio Aidar. Na semana passada foi mandado um comunicado aos pais, informando que a escola havia recebido com "satisfação" a notícia de que seria possível aumentar a frequência presencial. Dessa forma, crianças da educação infantil passarão a ir todos os dias à escola e o fundamental e médio terão mais carga presencial.


Aidar diz que segue também orientação jurídica e outras escolas da Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) também devem aumentar a presença para 70%. A Escola Espaço Lúdico, na Pompeia, começa hoje com o maior número de alunos. "As escolas são norteadas por decretos e documentos oficiais e não por notícias" diz a diretora geral Marcela Guardia, referindo-se à falta de comunicação da Prefeitura. Como o colégio perdeu muitos alunos, há espaço sobrando para o distanciamento, completa.

"Quando as crianças vêm mais vezes para o presencial elas têm uma ideia de rotina melhor, de continuidade", diz a diretora da Escola Projeto Vida, que começou esta semana com 70%. "Minha fiscal é a supervisora de ensino, ela me disse que, sim, estava autorizado."


Procurada, a Prefeitura informou que as escolas devem manter os 35% de presença. "O Município, embasado em dados epidemiológicos, possui autonomia para restringir o atendimento e regulamentar o próprio calendário."

Lei

Em abril do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que governadores e prefeitos têm autonomia nas questões sanitárias locais, na adoção de medidas contra a covid-19.

Para a professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Nina Ranieri, no caso das escolas privadas os dois entendimentos (de 70% e de 35%) podem ser aceitos. Ela diz que o decreto estadual é mais técnico e o da Prefeitura deixa lacunas, o que pode causar confusão. "Não se pode dizer que as escolas estão erradas, é uma questão complexa", diz.

Ela explica que como a Prefeitura tem competência sobre questões urbanísticas e sanitárias e o Estado, sobre as educacionais, os dois decretos podem não ser incompatíveis. "Uma escola pode estar ocupando 35% do espaço com alunos e isso significar 70% das matriculas, é caso a caso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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