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Congonhas: especialistas garantem que jatinhos não comprometem a segurança, apesar de acidente

Associação de Empresas Aéreas pede, no entanto, a restrição da circulação de aviões de pequeno porte na pista principal

São Paulo|Julia Girão, Do R7

Learjet 75 perdeu o controle ao pousar na pista
Learjet 75 perdeu o controle ao pousar na pista

O incidente com um avião de pequeno porte em Congonhas no início da tarde de domingo (9) provocou o cancelamento de ao menos 290 voos até as 16h de segunda-feira (10). Na manhã desta terça-feira (11), a operação no terminal localizado na zona sul da capital paulista já estava normalizada, de acordo com a Infraero.

Porém, para o professor de engenharia aeronáutica da USP São Carlos Fernando Catalano, o acidente com o Learjet 75 foi algo inusitado já que os jatinhos têm boa performance em Congonhas, mais até do que outras aeronaves, em razão do espaço limitado do aeroporto. 

“Aviões menores têm mais segurança para operar em aeroportos mais restritivos como o de Congonhas. Decolam e aterrissam em distâncias menores e não são tão pesados. Aviões turbo-hélice estão totalmente aptos para operar em aeroportos como esse”, explica o engenheiro.

Desde o acidente com o Airbus da TAM, em 2007, que deixou 199 mortos, melhorias já foram feitas, como a instalação do grooving nas cabeceiras da pista principal (ranhuras que facilitam o escoamento da água da chuva). Porém, segundo o especialista, o grande problema do aeroporto de Congonhas é a área de escape, que é muito pequena na frente e nas laterais.


O espaço limitado do aeroporto é ocupado em boa parte pelas pistas de pouso e decolagem. A principal tem 1.940 metros de extensão, a metade da do aeroporto de Guarulhos, por exemplo. Ainda assim, Congonhas pode receber as principais aeronaves utilizadas pelas companhias aéreas brasileiras, como Boeing 737-800, Airbus A320 e Embraer E195, além dos jatinhos. 

“As aeronaves de baixa performance têm tanta tecnologia quanto aviões grandes. O problema é a eficiência de uso em um aeroporto tão congestionado como o de Congonhas”, afirma Ruy Amparo, diretor de Segurança e Operações de Voo da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).


Em março deste ano, o governo federal finalizou a construção de um sistema chamado Emas que funciona como área de escape no aeroporto, o que, segundo Amparo, já diminui bastante o risco de acidentes.

De acordo com o diretor, a demora para retirar o avião da posição em que estava trouxe muitos problemas para a aviação comercial. Foram mais de oito horas de espera. “O aeroporto deveria ter um sistema muito mais rápido para evitar que toda a malha de transporte aéreo fosse prejudicada. Então o efeito disso foi um cascata que mostra que o aeroporto não está preparado para casos desse tipo”, reitera o professor Fernando Catalano.


Pedido de restrição

A Abear entende que é necessário que Congonhas passe a restringir a circulação de aviões de pequeno porte à pista auxiliar do aeroporto. No dia 29 de setembro, a associação enviou um ofício à Infraero, estatal que administra o aeroporto, recomendando a adoção definitiva dessa medida.

Em nota, a associação afirma a importância de evitar a operação de aeronaves de baixa performance na pista principal de Congonhas. A Abear estima que o incidente deste domingo cause prejuízos financeiros que ultrapassam milhões de reais.

Caso a recomendação seja adotada, os jatinhos passariam a usar apenas a pista auxiliar, que tem 1.495 metros, menos que os 1.940 da principal, e pode receber apenas aviões de pequeno porte.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Márcio Pinho

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