São Paulo Contra Plano SP, cidades do litoral norte liberam comércio e igrejas

Contra Plano SP, cidades do litoral norte liberam comércio e igrejas

Neste sábado, apenas Ubatuba confirmou atendimento às regras do plano estadual de combate ao coronavírus no litoral norte

Agência Estado
Litoral norte vai reabrir comércios

Litoral norte vai reabrir comércios

Marcelo Camargo/Agência Brasil - 01.03.2021

Contrariando o Plano São Paulo de controle da covid-19, que manteve todo o Estado na fase vermelha, com o funcionamento apenas dos serviços essenciais, três das quatro cidades do litoral norte paulista liberaram comércio, academias e celebrações religiosas presenciais. As medidas foram tomadas pelas prefeituras de Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Neste sábado (10), apenas Ubatuba confirmava o atendimento às regras do plano estadual.

Na sexta-feira (9), todas as regiões do Estado deixaram a fase emergencial, de maior rigor, mas foram mantidas na fase vermelha, que só permite atividades essenciais. O governo estadual levou em conta uma ligeira melhora no cenário da covid no Estado, ainda assim muito grave, com alto número de mortes e internações.

A prefeitura de Caraguatatuba publicou decreto liberando o funcionamento do comércio, shoppings e restaurantes, a partir deste sábado. A decisão municipal permite ainda a abertura de imobiliárias, concessionárias, quiosques e similares, salões de beleza e estética, academias e outros serviços considerados não essenciais, tudo em direção contrária às regras do Plano São Paulo.

Restaurantes, inclusive de hotéis, e quiosques podem atender, desde que ofereçam luvas descartáveis aos clientes. O comércio ambulante também foi liberado. As marinas que estavam fechadas podem atender com horários agendados. Cultos, missas e reuniões religiosas também foram autorizados com ocupação de até 25% da capacidade dos templos.

A liberação acontece em um momento em que a rede hospitalar está saturada. Conforme boletim divulgado nesta sexta-feira pelo município, Caraguatatuba registrava ocupação de 100% dos leitos de UTI, situação que se repete desde o dia 16 de março. A cidade já confirmou 13.741 casos e 283 mortes pela covid-19. A prefeitura justificou a necessidade de evitar o desequilíbrio econômico, "uma vez que cidades vizinhas adotaram tais medidas".

A prefeitura de São Sebastião liberou o funcionamento de restaurantes e do comércio geral com 50% da capacidade. A venda de bebidas alcoólicas, no entanto, continua proibida após as 20h. Salões de beleza e áreas de lazer dos condomínios, incluindo quadras e piscinas, também foram liberados, assim como o acesso às praias, restrito às caminhadas e prática individual de esportes, o que inclui nado e mergulho.

A cidade enfrenta um colapso na saúde, com pessoas esperando por vagas de internação e falta de medicamentos para intubação. O prefeito Felipe Augusto (PSDB) disse que a medida objetiva encontrar um "ponto de equilíbrio" entre economia e saúde. O prefeito reconheceu a falta de insumos para intubação, mas disse que o atendimento primário para as pessoas contaminadas está sendo feito. "O decreto pode ser revogado a qualquer momento, caso tenhamos piora no quadro da doença", disse.

Em Ilhabela, consumidores locais e turistas já movimentam o comércio, liberado para funcionar com 35% da capacidade. Os restaurantes estão atendendo com distanciamento entre as mesas. O município liberou também salões de cabeleireiros, barbearias e áreas comuns em hotéis, além do atendimento presencial em lojas de material de construção com 35% da capacidade - medidas não previstas na fase vermelha.

A prefeitura alegou que o controle do acesso de turistas à ilha, com a exigência do exame negativo para covid feito até 48 horas antes do acesso à ilha, garante ao município mais segurança para a liberação do comércio. O exame é exigido para ter acesso às balsas e catamarãs, principal entrada para o arquipélago.

Reação

O governo estadual reagiu às decisões dos prefeitos rebeldes. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, as prefeituras foram notificadas pelo descumprimento de medida sanitária e os casos foram encaminhados para o Ministério Público. "As três cidades estão colocando a vida da população em risco e agindo com enorme incoerência perante a situação da pandemia em seus territórios", disse.

Nos documentos, o secretário pede que os prefeitos adotem providências para fazer cumprir as regras estabelecidas pelo governo estadual. O Ministério Público informou que os casos são encaminhados à Procuradoria-Geral de Justiça para análise e ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade.

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