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De São Paulo a Portugal: como a PF conseguiu prender o português suspeito de tráfico de bebês

Márcio Rocha disse à polícia que em seu país de origem ele foi impedido de adotar; mães das crianças são investigadas

São Paulo|Isabelle Amaral, do R7

Com suspeito preso, Polícia Federal investiga as advogadas dele e as mães das crianças
Com suspeito preso, Polícia Federal investiga as advogadas dele e as mães das crianças

O empresário português Márcio Mendes Rocha, de 49 anos, preso pela Polícia Federal durante uma operação nesta segunda-feira (4), no interior de São Paulo, passou a ser investigado por tráfico de bebês após tentar obter a guarda de um recém-nascido. No mês passado, ele já havia conseguido registrar e levar outra bebê, de 19 dias de vida, para Portugal.

Segundo a delegada Estela Baraquet Costa, coordenadora do grupo de repressão a crimes contra os direitos humanos da PF em Campinas, a Justiça estranhou o novo pedido feito por Rocha — ele solicitava guarda unilateral de outro bebê, em menos de um mês. Então, a promotoria informou a polícia da suspeita de tráfico.

A investigação começou no dia 30 de novembro, logo depois que Rocha registrou a primeira recém-nascida, uma menina que teria sido abandonada pela mãe. Ele emitiu o passaporte da criança e conseguiu levá-la para Portugal.

Em menos de um mês, voltou ao Brasil e tentou obter a guarda unilateral de outro bebê, dessa vez um menino, que ainda estava internado na Santa Casa de Valinhos, mesmo local onde a menina registrada por ele havia nascido.


Antes que pudesse levar o segundo bebê, a PF prendeu Rocha e, durante a operação, cumpriu ainda outros seis mandados judiciais para investigar quem são as mães das crianças e as advogadas do suspeito, que o teriam ajudado com os pedidos de guarda.

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O que o suspeito disse à polícia?

Ainda segundo a delegada, Rocha afirmou que queria a guarda das crianças porque em Portugal ele teria sido impedido de adotar. "Foi descartada a possibilidade de esse português ser efetivamente pai das crianças. Ele fez um registro falso", afirmou Estela Baraquet.

A coordenadora do grupo de repressão a crimes contra direitos humanos ressalta que a PF agiu rápido para impedir que o suspeito levasse o segundo recém-nascido para o seu país de origem.

As mães das crianças ainda não foram localizadas, mas a polícia sabe que uma é de São Paulo, e outra, provavelmente, de Marabá, no Pará.

A defesa do suspeito não foi localizada até o momento. O espaço segue aberto para ele, caso queira se manifestar. 

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