Droga K se espalha em São Paulo e é mais popular entre os jovens
Entorpecente foi introduzido no Brasil pelo PCC, que utilizou o sistema carcerário para testar o potencial do narcótico
São Paulo|Do R7
Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou spice extrapolou os presídios do estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas. A Secretaria Municipal da Saúde, na última semana, publicou nota técnica na qual afirma ver "aumento de intercorrências" relacionadas à substância, "em especial junto à população infantojuvenil".
Apesar de conhecida como "maconha sintética", a K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. A presença da droga começou nas cadeias e foi usada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) como "balões de ensaio" para testar os efeitos da substância.
A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e, uma vez no país, são "cozinhadas" em laboratórios normais "de fundo de quintal" até serem transformadas em um líquido transparente.
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Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um "cigarro".
Nas ruas de São Paulo, a K9 ou K4 é comumente borrifada sobre misturas de ervas, da mesma forma que a droga se disseminou em Nova York, daí o nome spice (tempero, em tradução livre). Essa forma também contribuiu para que ela fosse chamada de "maconha sintética", apesar de não vir da Cannabis sativa.
Apenas de janeiro a abril, a Secretaria de São Paulo já registrou 216 suspeitas de intoxicação exógena por canabinoides sintéticos, entre eles a K9. O total representa mais que o dobro de todo o ano passado, quando foram relatadas 98 ocorrências. "Os canabinoides sintéticos estão entre as principais classes de drogas que geram dependência", afirma a pasta.
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A secretaria também afirma que a K9 pode causar comprometimentos neurológicos, como prejuízos na atenção, falha de memória e da execução e localização visioespacial.
"Tivemos casos graves de pessoas que perderam o controle motor pela forma como a droga agiu no sistema nervoso", disse ao Estadão em setembro o promotor Tiago Dutra Fonseca.